O termo colaboração costuma surgir nas apresentações organizacionais ou no momento de novas contratações e, na prática, será mesmo que as empresas estão vivendo essa cultura?
Estudo realizado por uma das principais empresas sobre capital humano, i4cp, revelou que organizações de alto desempenho são 5,5 vezes mais propensas a incentivar e recompensar a colaboração.
Uma das primeiras associações que se faz da colaboração é com o trabalho em equipe, mas vai muito além disso.
A cultura colaborativa está baseada no incentivo a projetos em grupo alinhados de acordo com os objetivos, metas e expectativas do negócio. E também está ligada à vivência do DNA da empresa por parte dos colaboradores, de maneira que se sintam engajados com seu propósito.
Com ampla experiência no cenário corporativo, atuando como consultor frente à MORCONE Consultoria Empresarial, tendo atendido inúmeras empresas de diversos segmentos, com destaque para as familiares e como conselheiro consultivo, hoje quero abordar o tema cultura colaborativa e o quanto sua vivência ainda precisa de ajustes entre as empresas.
Estimulando o senso de pertencimento por meio da cultura colaborativa
A cultura colaborativa é um conjunto de processos que são projetados a fim de promover, facilitar e incorporar a colaboração na rotina das empresas. É um processo que precisa ocorrer com a consciência de ambas as partes que devem compartilhar metas e objetivos comuns.
O relacionamento entre a empresa e pessoas precisa ser uma via de mão dupla, em que ambos têm expectativas, necessitam um do outro, assim como devem partilhar dos mesmos valores que deem sentido a essa troca.
Dentre os principais benefícios da implantação da cultura colaborativa, se destacam:
Melhoras quanto ao clima organizacional
Um ambiente em que existe leveza, em que líderes e gestores são acessíveis, em que existe igualdade de tratamento e em que os profissionais encontram autonomia para atuar com liberdade e criatividade é o “mundo ideal” em uma empresa.
A cultura colaborativa vivenciada diminui consideravelmente as probabilidades de um ambiente tóxico, justamente por promover o engajamento entre as pessoas e lideranças, gerando uma comunicação mais transparente e eficaz.
Autonomia e criatividade
Autonomia é resultado de confiança e, claro, de liberdade. As pessoas sentem-se livres para atuar em projetos, para dar ideias e compartilhar suas experiências.
A empresa, ao delegar tarefas aos profissionais, não faz o caminho que era comum, de exercer o comando e controle, mas confere liberdade para que as pessoas possam executar suas tarefas com mais criatividade e exercer com confiança seus talentos.
Valorização de pessoas
Quando as pessoas têm autonomia para realizar o seu trabalho, quando seus talentos são valorizados, têm voz para emitir suas ideias, não sentem “medo” de cometer erros, entre outros fatores, sentem-se mais valorizadas.
A valorização gera maior motivação e produtividade, resultando em melhores resultados do trabalho realizado.
Desenvolvimento profissional
Quando as pessoas têm voz onde trabalham e bom relacionamento com a cultura organizacional, sentem-se mais motivadas quanto ao próprio desenvolvimento profissional.
O compartilhamento de experiências, a liberdade de poder ser quem é, assim como a busca pelo autoconhecimento profissional por meio de dinâmicas em grupo, levam as pessoas a desejar aprimorar habilidades que possuem, mas que estavam “adormecidas”.
E esses e outros benefícios da cultura colaborativa geram o senso de pertencimento, a sensação de comunidade, que leva a um nível de engajamento e satisfação maiores.
Por onde começa a construção da “cultura colaborativa” no negócio?
Implementar a cultura colaborativa demanda esforços por parte da organização, mas no final, vale muito a pena e isso é tangível em forma de resultados, como pesquisa realizada pela Stanford que revela:
– Trabalhar num ambiente colaborativo torna os funcionários 50% mais eficazes na conclusão de tarefas, além de aumentar o engajamento e motivação das pessoas.
Algumas práticas são fundamentais para a construção de uma cultura colaborativa:
Base de confiança e comunicação
A cultura colaborativa necessita de uma comunicação consistente e transparente. Para que um bom relacionamento entre a organização e pessoas se construa é essencial que haja acessibilidade às lideranças e gestores.
Essa prática está intimamente ligada ao conceito ESG, mais precisamente ao pilar S (Social), principalmente no que se refere à gestão de pessoas e ao engajamento delas em todas as dinâmicas que envolvem o negócio.
Quando existe boa comunicação e confiança, as pessoas sentem-se acolhidas, com voz e liberdade de ser quem são.
Criação de oportunidades para uma cultura colaborativa
A colaboração não ocorre acidentalmente em nenhuma empresa, ainda mais se as pessoas estão acostumadas a trabalhar em projetos isoladamente.
O processo colaborativo se dá com o apoio das lideranças, por meio da criação de tarefas multifuncionais, com pessoas de diferentes visões e backgrounds profissionais e culturais, trabalhar junto para muitos profissionais costuma ser desafiador, sendo assim, a implementação da cultura pode ser realizada aos poucos.
Aos poucos, as pessoas tendem a se sentir mais confortáveis no processo e quando isso ocorre, a tendência é a de que busquem por maior apoio, inclusive, em tarefas individuais.
Tecnologia a favor da colaboração
Inúmeras ferramentas podem ser utilizadas para promover e simplificar o processo da colaboração, como é o caso do Slack, Asana, Miro, entre tantas outras.
Sabemos o quanto o trabalho remoto na pandemia forçou empresas ao redor do mundo a repensar o ambiente de trabalho que vai muito além do espaço físico.
O ideal é que sejam adotadas as ferramentas que mais se adequam à rotina das pessoas. Além disso, vale a reflexão de que por meio dessas tecnologias é possível promover “comunidades” que gerem ainda mais o senso de pertencimento entre os profissionais.
Avaliação e revisão
Como em diversos outros processos organizacionais, é fundamental que a cultura colaborativa seja continuamente revisitada e ajustada às necessidades das pessoas. Que sejam identificados os sistemas ou processos que estejam dificultando a colaboração.
O ideal é que feedbacks sejam colhidos para que se tenha um panorama do quanto a cultura colaborativa tem sido vivenciada.
Vá muito mais longe integrando pessoas
Como todo processo, ainda mais ligado às pessoas, vivenciar a cultura colaborativa exige esforço, ainda mais em um caso de tentativas anteriores frustradas.
Os conselhos neste cenário assumem o papel de relembrar as lideranças e gestores sobre a necessidade de que continuamente sejam pensadas maneiras de tornar a comunicação mais eficiente, a colaboração mais leve e de propor capacitação e dinâmicas que reforcem o trabalho em equipe.
Quando se olha para as pessoas, a organização tende a ir bem mais longe, afinal, pessoas munidas de senso de pertencimento, de autonomia e de liberdade criativa trabalham muito mais motivadas e tendem a se desenvolver ainda mais em seus talentos.
Quando o engajamento das pessoas ocorre, os resultados obtidos pela organização também melhoram, mas aqui vale a reflexão: que essa não seja a única motivação por trás da cultura colaborativa!
Antes de tudo, precisa ser algo genuíno, uma via de mão dupla, para que empresa e pessoas possam dialogar e continuar expandindo, sem limites.
Sua organização vivencia a cultura de colaboração da maneira correta?
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