Empresas que desejam crescer e alcançar a longevidade no mercado não podem conquistar estes objetivos sem a profissionalização da gestão, sendo a implantação do conselho consultivo (advisory board) um meio indispensável para isso.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como conselheiro consultivo e como advisor e à frente da MORCONE, ajudando empresas, com destaque para as familiares, a alcançarem longevidade no mercado, abordo sobre o que torna um conselho consultivo eficaz e como construi-lo.
Valor da confiança para a longevidade da empresa brasileira
A pesquisa de Empresas Familiares 2023, da PwC, que entrevistou 2.043 proprietários de empresas familiares em 82 países, teve como objetivo avaliar se essas empresas estão adotando a melhor abordagem para construir confiança com os stakeholders.
E foi constatado que a maioria das empresas brasileiras não está fazendo o necessário para construir essa confiança, conforme os dados:
- 87% das empresas não possuem um posicionamento público sobre temas relevantes;
- 84% não têm uma estratégia ESG definida e divulgada;
- 76% não possuem uma declaração de propósito clara que promova a DEI (diversidade, equidade e inclusão);
- 62% não comunicam seu propósito externamente.
Um conselho consultivo eficaz é o primeiro passo para o processo da profissionalização da gestão e impacta positivamente no aumento da confiança do negócio por meio dos seguintes meios:
Especialização – por ter em sua composição especialistas com ampla experiência em diversas áreas, estes conhecimentos podem auxiliar o negócio a tomar as melhores decisões e a criar as melhores estratégias;
Objetividade – o conselho consultivo por não estar diretamente envolvido na gestão da empresa, consegue oferecer uma perspectiva objetiva e imparcial sobre os principais desafios e oportunidades da empresa;
Credibilidade – sem dúvidas, este órgão composto por profissionais respeitados no mercado também pode impactar aumentando a credibilidade do negócio e, consequentemente, atraindo investidores, parceiros e até mesmo clientes;
Gerenciamento de riscos – o conselho também atua auxiliando na identificação e mitigação de riscos potenciais, ajudando na prevenção de crises e a enfrentar momentos difíceis de maneira eficaz;
Transparência e prestação de contas – contar com um advisory board pode melhorar a transparência e prestação de contas já que faz parte da atuação do conselho a exigência de relatórios e explicações acerca das decisões do negócio;
Inovação e crescimento – os conselheiros também contribuem por meio de novas ideias e perspectivas, como já mencionado, o que também ajuda a empresa a se manter competitiva em seu mercado de atuação.
Estruturando um conselho consultivo eficaz na empresa
Especialmente em empresas familiares, é comum que exista um modelo de conselho informal composto por membros da família, mas em grande parte dos casos isso pode gerar conflito de relações (papel de pai pode se confundir com o papel de diretor da empresa, por exemplo), sendo assim, é fundamental a atuação do conselho consultivo independente.
Para estruturar um conselho consultivo eficaz vale seguir algumas etapas, como:
Alinhamento de objetivos
É necessário que haja clareza quanto ao que se espera do conselho consultivo, mas isso só ficará claro uma vez que os objetivos e demandas da empresa estiverem bem delimitados.
Os objetivos estratégicos de curto, médio e longo prazo devem ser claramente definidos. Isso permitirá entender como o conselho pode ajudar a organização a alcançá-los. Também é fundamental determinar o número ideal de conselheiros e os perfis necessários para compor o conselho.
Elaboração de regulamento
O regulamento do conselho é um documento que detalha os deveres, expectativas e normas relacionadas ao órgão. Ele serve como referência para que sócios, acionistas e conselheiros alinhem suas expectativas quanto ao funcionamento do conselho e ao papel de seus membros.
Um regulamento deve incluir:
- Propósito do conselho;
- Estrutura do conselho;
- Funções e metas;
- Organização das reuniões;
- Compensação dos conselheiros;
- Período dos mandatos e método de seleção dos conselheiros;
- Avaliação do desempenho do conselho.
Seleção de perfis de conselheiros
A seleção dos conselheiros é crucial para o sucesso do órgão. É importante garantir sua autonomia para deliberações livres, a diversidade para enriquecer as discussões e a expertise técnica para oferecer perspectivas fundamentadas.
Ao escolher conselheiros é importante buscar por profissionais com sólida formação acadêmica em sua área de atuação e que tenham experiência ligada à governança corporativa; na atuação em liderança estratégica; apresentem postura íntegra e que tenham abertura para diálogo e ampla capacidade de negociação.
Dentre os principais perfis profissionais a se ter num conselho consultivo, destacam-se:
- Especialista em negócios: profissional com profundo conhecimento na área de atuação da empresa, fornecendo o know-how necessário para desenvolver a estratégia mais apropriada;
- Comunicador: pessoa extrovertida e inovadora, capaz de gerar soluções disruptivas e contribuir para o networking;
- Precavido: indivíduo atento às tendências e aos riscos internos e externos, capaz de prever problemas e oportunidades, ajudando a manter a estabilidade e a conservação da empresa.
Depois de implementado o conselho consultivo
Um dos principais desafios enfrentados por muitas empresas, particularmente as familiares, é a resistência à formação de um conselho consultivo devido à falta de confiança em profissionais externos. Mas uma vez que o conselho é implementado e a empresa começa a perceber os benefícios dessa interação, a ideia de estabelecer um conselho de administração com poder deliberativo se torna mais atraente.
Ter um conselho consultivo é tudo o que uma empresa precisa se deseja longevidade
Um conselho consultivo agrega valor ao negócio à medida que contribui diretamente para seu crescimento sustentável e reforça sua posição no mercado.
Vale salientar que a avaliação frequente de desempenho do conselho consultivo também é importante para o seu sucesso em longo prazo, e isso pode ser realizado com o apoio de mecanismos de feedback, assim como com a revisão periódica e das decisões tomadas com a orientação repassada.
As expectativas entre a empresa e o conselho podem e devem ser ajustadas ao longo do processo por meio da transparência e da abertura à comunicação.
Seja para implementar práticas de governança corporativa e ESG, para planejar estratégias de crescimento no mercado, ou para orientar quanto a novas oportunidades, o conselho consultivo é a melhor decisão para a empresa brasileira que deseja expandir.
Em meio às tantas transformações políticas, sociais e econômicas, é essencial ter o direcionamento profissional externo de profissionais plenamente habilitados e “habituados” com mudanças repentinas e a orientar decisões ágeis.
O conselho quando eficaz só pode trazer benefícios à empresa, inclusive quanto ao custo da implantação do órgão. E por fim, para aumentar a confiança, invista em profissionais gabaritados para exercer o papel.
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