A alta rotatividade de profissionais tem sido um problema recorrente entre muitas empresas, inclusive em empresas familiares.
A verdade é que profissionais qualificados deixam seus cargos não apenas por melhores oportunidades, mas em grande parte dos casos, devido à insatisfação com o ambiente de trabalho.
Esse fenômeno, longe de ser apenas um detalhe operacional, é um reflexo direto de uma cultura organizacional tóxica.
Nesses ambientes, costuma imperar a desconfiança com a liderança, a produtividade cede espaço à exaustão e o potencial de crescimento do negócio é “freado” por conflitos internos.
Para evitar este problema e impedir que bons profissionais saiam da empresa, há um elemento muitas vezes subestimado: o conselho consultivo.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como Advisor à frente da MORCONE, auxiliando e orientando empresas, especialmente empresas familiares brasileiras a se estruturarem para chegar aos 100 anos, abordo sobre a cultura tóxica nas empresas.
Além disso, destaco o papel do conselho consultivo como catalisador de mudanças estruturais, trazendo novas perspectivas, equilibrando interesses e garantindo que a cultura corporativa se torne um ativo, e não um passivo.
Cultura tóxica nas empresas é capaz de drenar os melhores talentos
É recorrente se deparar com depoimentos de profissionais que deixaram a empresa devido a fatores como desrespeito, hostilidade e liderança despreparada.
Sabe-se que essas condições podem levar ao desenvolvimento de problemas emocionais, com destaque para o estresse e o burnout.
Uma pesquisa realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) entre novembro de 2023 e abril de 2024, envolvendo mais de 53 mil trabalhadores que pediram desligamento, revelou que aspectos da cultura organizacional influenciam significativamente a decisão de saída.
Embora o estudo não forneça detalhes específicos sobre os fatores culturais identificados, é evidente que a cultura organizacional desempenha um papel crucial na satisfação e retenção de talentos.
Além disso, vale ressaltar o quanto as lideranças tóxicas são determinantes para a construção de ambientes de medo e intimidação, contribuindo para a insatisfação no trabalho, levando profissionais ao questionamento das próprias habilidades e talentos.
Esse clima negativo na empresa não apenas afeta a saúde mental dos colaboradores, mas também resulta em alta rotatividade, prejudicando a produtividade, inovação e sua reputação no mercado.
Entenda o impacto da cultura tóxica nas empresas
Uma cultura organizacional tóxica manifesta-se por meio de comportamentos prejudiciais que afetam negativamente o bem-estar e a produtividade dos colaboradores.
Fatores como comunicação deficiente, microgestão excessiva, ambiente competitivo desleal e falta de reconhecimento podem gerar insatisfação, burnout e aumento na taxa de turnover.
De acordo com um estudo da Gallup, 75% das pessoas que pedem demissão o fazem por causa de seus gestores diretos, e não do trabalho em si.
Em empresas familiares, a rotatividade de funcionários pode ser influenciada por fatores adicionais, como conflitos entre as demandas do trabalho e da família.
Pesquisas indicam que quando os profissionais enfrentam um intenso conflito entre trabalho e família devido à sobrecarga de funções ou conflitos de papéis, eles podem optar por deixar o emprego atual em busca de um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Se uma gestão disfuncional é um dos principais combustíveis da cultura tóxica, é coerente pensar que a solução comece nos níveis mais altos da governança corporativa.
Os conselhos consultivos têm a função de garantir que as melhores práticas de liderança sejam implementadas, ajudando a empresa a estabelecer diretrizes claras para um ambiente mais saudável. Eles podem atuar de diferentes formas:
- Diagnóstico da cultura organizacional: avaliando o clima interno por meio de pesquisas de satisfação e feedbacks anônimos, o conselho pode identificar padrões tóxicos antes que eles se agravem;
- Revisão e sugestão de políticas internas: conselheiros experientes podem recomendar práticas mais eficazes de liderança, incluindo políticas de diversidade, equidade e inclusão;
- Monitoramento de Indicadores de turnover: o conselho pode ajudar a empresa a analisar métricas como taxa de retenção de talentos e níveis de engajamento, propondo ações preventivas para reter profissionais valiosos.
Exemplos práticos:
- Comunicação aberta: uma grande multinacional do setor financeiro enfrentava uma crise de confiança entre seus funcionários. A chegada de um conselho consultivo trouxe mudanças na forma como a liderança comunicava suas decisões. Canais de feedback foram implementados e a transparência aumentou significativamente. O resultado? Um crescimento de 35% na satisfação dos colaboradores em apenas um ano.
- Políticas de bem-estar: um grupo de tecnologia notou que seus talentos estavam deixando a empresa por conta da carga excessiva de trabalho. O conselho sugeriu medidas para evitar o esgotamento profissional, incluindo um programa estruturado de bem-estar mental e físico. O turnover caiu 20% nos 12 meses seguintes.
- Reconhecimento e recompensa: uma indústria farmacêutica percebeu que seus melhores talentos estavam sendo atraídos pela concorrência. Após sugestões do conselho, a empresa criou um sistema de reconhecimento baseado em desempenho e cultura colaborativa. Em menos de dois anos, as taxas de retenção aumentaram significativamente.
O papel transformador dos conselhos consultivos
Transformar uma cultura tóxica nas empresas exige mais do que simples ajustes; requer um compromisso real da liderança e a atuação estratégica de órgãos como é o caso do conselho consultivo.
Esse órgão pode desempenhar um papel fundamental ao estabelecer diretrizes para um ambiente mais saudável, atuando em diversos aspectos:
- Definição de valores e propósitos: um conselho bem estruturado ajuda a empresa a alinhar sua missão com práticas concretas, garantindo que a cultura organizacional reflita esses princípios no dia a dia;
- Criação de mecanismos de feedback: processos contínuos de escuta ativa, como pesquisas de clima organizacional e fóruns de discussão, permitem identificar e mitigar problemas antes que se tornem críticos;
- Promove lideranças saudáveis: conselheiros experientes podem orientar líderes sobre práticas mais eficazes de gestão de pessoas, minimizando comportamentos tóxicos e promovendo um ambiente de respeito e colaboração;
- Revisão de políticas internas: a análise criteriosa de normas internas pode eliminar práticas ultrapassadas e fomentar um espaço de trabalho mais inclusivo e produtivo.
Ao implementar essas estratégias, o conselho consultivo não apenas contribui para um ambiente mais justo e transparente, mas também fortalece a reputação da empresa e impulsiona seu crescimento sustentável a longo prazo.
Sua empresa possui um Conselho Consultivo? Como você enxerga o papel dele na construção de um ambiente de trabalho saudável? Se ainda não implementou um, talvez seja o momento ideal para dar esse passo e transformar a cultura da sua organização.
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