Um conselho consultivo diversificado, composto por profissionais experientes e talentosos, prontos para impulsionar o crescimento sustentável da empresa. No papel, é o cenário ideal.
Mas na prática, as reuniões se arrastam sem produtividade, os conflitos ficam sem solução e as decisões são guiadas mais por interesses individuais do que pelo futuro da empresa.
O principal problema neste contexto está nos comportamentos nocivos que comprometem a eficiência desse órgão vital para a governança corporativa.
O sucesso de um conselho consultivo não depende apenas da experiência técnica dos profissionais, mas também da maturidade emocional, ética e capacidade de atuação em equipe.
Comportamentos prejudiciais nos conselhos consultivos podem minar decisões estratégicas, ‘sufocar’ a inovação e até mesmo comprometer a longevidade empresarial.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como Advisor à frente da MORCONE, auxiliando e orientando empresas, especialmente empresas familiares brasileiras a se estruturarem para chegar aos 100 anos, abordo sobre os principais comportamentos prejudiciais nos conselhos que impactam negativamente a eficiência deste órgão e como mitigá-los.
Comportamentos prejudiciais nos conselhos consultivos – Conheça os principais
Ao longo da minha trajetória como consultor empresarial, atendi diversas empresas cujos principais desafios envolviam questões comportamentais. Como conselheiro, também observo comportamentos prejudiciais que comprometem a eficiência do conselho consultivo. Alguns dos mais comuns são:
Narcisismo
O narcisismo é um dos principais comportamentos prejudiciais nos conselhos.
Membros com traços narcisistas tendem a monopolizar discussões, invalidar opiniões divergentes e tomar decisões baseadas em autoconfiança excessiva, em vez de dados concretos.
De acordo com um estudo publicado pela Harvard Business Review, líderes narcisistas são mais propensos a ignorar conselhos e centralizar o poder, resultando em decisões que podem comprometer o crescimento da empresa.
Problemas ligados ao ego
Conselhos que cultivam uma cultura de humildade intelectual e colaboração costumam tomar decisões mais acertadas e inovadoras. Esse ambiente favorece o compartilhamento de ideias, permitindo que diferentes perspectivas sejam consideradas de maneira construtiva, o que fortalece o processo decisório.
Além disso, empresas que incentivam a autocrítica e a escuta ativa dentro de seus conselhos tendem a ter um desempenho financeiro superior a longo prazo. A capacidade de reconhecer pontos de melhoria e se adaptar de forma proativa é um diferencial importante para a sustentabilidade e o crescimento organizacional.
Falta de escuta ativa e comunicação deficiente
A escuta ativa e a comunicação eficaz são fundamentais para o bom desempenho do conselho consultivo. A falta dessas práticas pode levar a mal-entendidos e decisões desalinhadas com a realidade da organização.
A escuta ativa permite que os membros do conselho compreendam plenamente as perspectivas uns dos outros, enquanto a comunicação assertiva assegura que as ideias sejam expressas de forma clara e respeitosa.
A escuta ativa envolve tolerância, compreensão e flexibilidade, habilidades essenciais para um ambiente de trabalho colaborativo e produtivo, sendo assim, investir no desenvolvimento dessas habilidades nos conselhos pode melhorar significativamente a governança e a eficiência empresarial.
Conflitos de interesse e falta de independência
A presença de conselheiros que priorizam seus interesses pessoais ou de grupos específicos em detrimento do bem da empresa é um problema sério. Isso pode levar à tomada de decisões tendenciosas, corrupção e perda de credibilidade do conselho.
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a diversidade de conselheiros independentes ajuda a minimizar esse risco, trazendo diferentes perspectivas para garantir que a organização siga os melhores princípios de governança.
Resistência à mudança e pensamento engessado
Empresas em crescimento exigem conselhos consultivos capazes de se adaptar rapidamente às mudanças do mercado. No entanto, conselheiros que se apegam a modelos ultrapassados e resistem à inovação podem prejudicar a evolução da empresa.
É fundamental que os profissionais sejam dotados de uma mentalidade de inovação e crescimento que possa estimular gestores e alta liderança à implementação de mudanças.
Falta de comprometimento e participação passiva
O conselho consultivo não deve ser apenas um cargo honorário. Membros que comparecem às reuniões sem preparo adequado, não leem os relatórios ou não contribuem de forma significativa prejudicam o funcionamento do grupo.
Os conselheiros que realmente fazem a diferença são aqueles que questionam, sugerem soluções práticas e acompanham de perto as decisões para garantir que saiam do papel.
Falta de diversidade e visão limitada
A ausência de diversidade de pensamento, experiências e perfis profissionais pode levar a decisões homogêneas e pouco inovadoras.
Quando um conselho é composto por pessoas com formações e vivências semelhantes, há o risco de “pensamento de grupo”, no qual alternativas criativas são descartadas e há pouca contestação de ideias.
Pesquisas recentes reforçam a correlação positiva entre a diversidade nos conselhos e o desempenho financeiro das empresas.
O estudo da McKinsey, “Diversity Matters: América Latina“, destaca que empresas comprometidas com a diversidade contam com profissionais 152% mais propensos a propor novas ideias, evidenciando que a diversidade impulsiona a inovação e a colaboração.
Esses dados evidenciam que a diversidade nos conselhos não apenas promove equidade, mas também impulsiona a performance corporativa.
Como prevenir estes problemas ligados a comportamentos indesejados nos conselhos?
Para garantir que o conselho consultivo funcione de maneira eficaz, algumas medidas podem ser adotadas:
- Critérios rígidos de seleção: escolher conselheiros com base em competências técnicas, valores alinhados à empresa e habilidades comportamentais adequadas;
- Treinamentos e avaliações periódicas: implementar programas de desenvolvimento contínuo e avaliações estruturadas para identificar e corrigir problemas comportamentais;
- Código de conduta e governança: definir regras claras sobre participação, transparência e ética dentro do conselho;
- Fomentar uma cultura de debate: incentivar a troca de ideias de forma respeitosa, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas;
- Rotação de conselheiros: evitar que os mesmos perfis dominem o conselho por longos períodos, garantindo renovação e novas perspectivas.
Construindo um conselho consultivo saudável e eficiente
O conselho consultivo deve ser um espaço de inteligência coletiva, onde decisões estratégicas são guiadas por dados, experiências e uma visão ampla do futuro da empresa. Mas como já vimos, comportamentos como narcisismo, conflitos de interesse, resistência à mudança e falta de comprometimento podem minar essa dinâmica.
Para garantir um conselho eficaz, é essencial selecionar conselheiros qualificados, estabelecer princípios éticos claros e criar um ambiente que favoreça discussões produtivas.
E para você e eu que somos conselheiros, fica o alerta: é fundamental realizar continuamente a autorreflexão sobre os próprios comportamentos.
Profissionais que refletem continuamente sobre o peso de sua atuação, agregam valor e potência ao corpo de conselheiros que integra.
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