Em um país onde 90% das empresas são familiares, de acordo com o IBGE, o tema sucessão empresarial não é apenas relevante, é urgente.
Apesar de sua importância, a sucessão ainda costuma ocorrer de forma improvisada, sem um plano estruturado, colocando em risco não apenas o legado, mas a continuidade do negócio.
A questão não é se a sucessão vai acontecer, mas quando e como. E é justamente neste “como” que reside o maior desafio.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como Advisor à frente da MORCONE, auxiliando e orientando empresas, especialmente empresas familiares brasileiras a se estruturarem para chegar aos 100 anos, abordo sobre a sucessão empresarial como parte crucial do plano de negócios de toda empresa.
Quando a sucessão empresarial é tratada como urgência, e não como estratégia
No Brasil, 90% das empresas têm perfil familiar, respondendo por cerca de 65% do PIB, apontando não apenas sua representatividade, mas também o impacto que uma sucessão mal conduzida pode causar na economia.
Em suma, ausência de planejamento sucessório, muitas vezes, pode levar a decisões apressadas, motivadas por situações emergenciais, como a morte ou afastamento repentino do fundador.
O resultado? Transições confusas, conflitos internos, queda de desempenho e, em casos mais graves, a descontinuidade da empresa.
Sucessão como continuidade do legado, não como ruptura
Quando bem conduzida, a sucessão não representa uma ruptura, mas uma continuidade da visão de longo prazo da empresa.
Envolve muito mais do que preparar um herdeiro para ocupar a cadeira do fundador. É preciso formar lideranças, alinhar valores, institucionalizar processos e criar mecanismos de governança que sustentem a empresa em diferentes gerações.
A sucessão exige tempo, planejamento e uma postura ativa da família empresária. Ela deve ser encarada como um processo de transição gradual, e não como um evento pontual.
Conselho consultivo: a ponte entre o presente e o futuro da empresa
É nesse cenário que o conselho consultivo se revela um aliado estratégico fundamental.
Sua função vai muito além de opinar sobre resultados: o conselho atua como uma instância de mediação, orientação e planejamento de longo prazo, contribuindo ativamente para uma transição segura e estruturada.
Logo, há uma tendência crescente entre as empresas familiares de inserir os herdeiros no conselho consultivo antes de sua efetiva entrada na gestão.
Essa prática permite que o futuro sucessor se familiarize com os desafios da empresa, desenvolva visão estratégica e fortaleça suas competências de liderança.
Conselheiros experientes também ajudam a identificar vulnerabilidades organizacionais que poderiam ser agravadas durante a transição. E mais: conseguem promover um ambiente de diálogo entre gerações, evitando os conflitos que tantas vezes comprometem a longevidade empresarial.
Improvisar pode custar muito aos negócios
Na prática como conselheiro junto às empresas familiares brasileiras, o improviso tem se revelado o maior inimigo da sucessão empresarial, pois sem um plano claro, surgem disputas pelo poder, desalinhamento de expectativas e descontinuidade das estratégias.
Segundo artigo publicado pela Revista de Gestão e Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um dos fatores críticos de sucesso em empresas familiares é a capacidade de separar os papéis da família, da gestão e da propriedade.
O conselho consultivo, quando bem estruturado, auxilia justamente nesse ponto: ajuda a definir regras claras de participação, critérios objetivos para promoção de herdeiros e mecanismos de avaliação de desempenho.
Longevidade empresarial começa com uma sucessão estruturada
A empresa familiar que deseja chegar aos 100 anos precisa olhar para a sucessão como um pilar da longevidade empresarial. Para isso, é fundamental iniciar o quanto antes um processo estruturado, envolvendo:
- Mapeamento de lideranças internas;
- Avaliação de competências e lacunas;
- Capacitação dos herdeiros;
- Participação ativa do conselho consultivo;
- Revisão dos mecanismos de governança;
- Planejamento tributário e sucessório.
Esses são passos que podem parecer complexos, mas são decisivos para garantir que a empresa não dependa apenas da figura do fundador e que o legado construído até aqui não se perca com o passar dos anos.
Estratégias para uma sucessão empresarial bem planejada
Algumas das estratégias mais recomendadas para a sucessão empresarial bem-sucedida, incluem:
- Iniciar o planejamento com antecedência, mesmo quando o atual gestor ainda está em plena atividade;
- Estimular a capacitação técnica e comportamental dos herdeiros e sucessores;
- Integrar as novas gerações por meio de vivências práticas e participação em conselhos;
- Estabelecer regras claras de governança, com separação entre propriedade, gestão e família;
- Criar mecanismos formais de avaliação e desenvolvimento de lideranças;
- Realizar um planejamento sucessório que contemple aspectos jurídicos, tributários e patrimoniais.
Ao transformar a sucessão em um processo estruturado, as empresas familiares aumentam significativamente suas chances de manter o legado, a harmonia entre os membros da família e a competitividade no mercado.
Em vez de urgência, planejamento. Em vez de improviso, estrutura.
Ao longo da minha trajetória como consultor e conselheiro, em muitas situações, presenciei a sucessão empresarial sendo tratada como um problema, mas isso deve mudar.
Contudo, quando bem conduzida, a sucessão empresarial estruturada pode ser uma das maiores oportunidades de fortalecimento da identidade da empresa, de renovação de suas lideranças e de alinhamento com os desafios de um mercado em evolução.
O conselho consultivo é a engrenagem que falta em muitas empresas para que isso aconteça. Ao atuar como ponte entre a família, a gestão e o futuro, ele transforma o risco da sucessão em uma estratégia de longevidade.
Se você ainda trata a sucessão como um assunto distante, talvez seja hora de mudar o ponto de vista.
O futuro não avisa quando chega, mas é possível estar preparado.
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