Seja qual for o porte ou o segmento de atuação de uma empresa, o conselho consultivo é primordial para desafiar e orientar a tomada de decisão estratégica, evidenciando a diferença entre crescimento sustentável e conforto ilusório.
Em suma, no cenário corporativo, há quem confunda silêncio e consentimento com sabedoria. Mas a verdade, que muitos negócios ignoram é a de que: quem apenas concorda não aconselha, e sim desempenha o papel de plateia.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como Advisor à frente da MORCONE, auxiliando e orientando empresas, especialmente empresas familiares brasileiras a se estruturarem para chegar aos 100 anos, abordo sobre o conselho consultivo ativo e seus impactos positivos sobre a empresa.
Valor estratégico presente no conselho consultivo ativo
O termo “conselho consultivo” tem origem no latim consilium, que significa deliberação.
No mundo real corporativo, no entanto, é comum encontrarmos conselhos que apenas validam o que já foi decidido. Esse comportamento reduz drasticamente o valor estratégico do grupo.
Conselheiros independentes têm a capacidade de oferecer uma perspectiva externa crítica, identificando pontos cegos e ampliando a visão dos gestores.
Segundo artigo publicado pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), esse tipo de atuação contribui diretamente para a eficiência da governança corporativa.
Alerta: consenso unânime não é sinal de maturidade
A origem de um conselho consultivo ativo está no confronto construtivo de ideias, e não na busca de conforto.
De acordo com pesquisa da Grant Thornton, 95,7% dos líderes afirmam que seus conselhos agregam valor real aos negócios. Mas isso só ocorre quando há liberdade para divergir com qualidade.
A ausência de discordância pode ser um sintoma de conformismo ou de temor, não de alinhamento.
Conselhos eficazes são aqueles que se dispõem a questionar premissas, analisar riscos e confrontar projeções com base em dados e experiência.
Indicadores que não mentem: reflexos tangíveis de um conselho atuante
Estudo realizado pelo Business Development Bank of Canada demonstra que empresas com conselhos consultivos bem estruturados apresentam:
- Crescimento de vendas até 24% mais acelerado;
- Produtividade até 18% maior;
- Melhor estruturação para a tomada de decisão estratégica.
Além disso, de acordo com estudo realizado pela McKinsey, conselhos atuantes contribuem significativamente para a melhoria da performance financeira.
Eles chegam a dobrar a eficácia nas decisões de longo prazo em comparação com empresas que não contam com esse tipo de estrutura.
Esse impacto está relacionado à capacidade do conselho de promover discussões estratégicas baseadas em dados, além de exercer um papel de controle e orientação crítica.
Governança e controle: o conselheiro atuante como radar
O impacto de um conselho atuante se manifesta na gestão de indicadores financeiros como DRE (Demonstração do Resultados do Exercício), fluxo de caixa e margens.
Ao acompanhar esses indicadores com olhar externo, os conselheiros identificam desvios antes que eles gerem prejuízos relevantes. Isso fortalece o controle interno e aprimora a governança.
Além disso, um conselho bem preparado contribui para aumentar a transparência nas decisões e a capacidade de antecipação da empresa frente a mudanças no mercado, regulamentações ou contextos econômicos adversos.
Este órgão não apenas monitora o desempenho, mas ajuda a empresa a se posicionar com mais segurança diante de incertezas e a tomar decisões com base em cenários consistentes, e não apenas em reações pontuais.
Como estruturar um conselho consultivo ativo?
Para estrutura um conselho consultivo ativo, é fundamental seguir alguns passos, tais como:
Diversidade de experiência e visão
Convidar profissionais com vivência em diferentes setores amplia a capacidade analítica do grupo e evita visões unilaterais.
Mandato com liberdade de atuação
O conselheiro precisa ter autonomia para discordar, fundamentar e propor caminhos alternativos, sem sofrer retaliação.
Metas e indicadores claros
Impactos como crescimento de receita, retenção de talentos e ganho de produtividade devem ser monitorados.
Reuniões periódicas com foco estratégico
As pautas devem privilegiar temas estruturantes e decisivos para o futuro do negócio, não apenas rotinas operacionais.
Cultura de feedback honesto e construtivo
Conselheiros devem oferecer diagnósticos embasados, com capacidade de influenciar positivamente as decisões.
Para onde o conselho consultivo ativo pode impulsionar?
O impacto de um conselho atuante vai além das reuniões e relatórios. Ele se traduz em ganhos concretos de gestão, reputação e adaptação estratégica, principalmente em empresas que buscam crescer com consistência e atravessar gerações com solidez.
Um conselho consultivo bem estruturado contribui para decisões mais acertadas, amplia a capacidade de inovação e sustenta a governança mesmo diante de cenários incertos ou desafiadores.
Profissionalização e sucessão mais eficientes
A presença de um conselho consultivo ativo tende a reduzir a centralização das decisões e a fortalecer a estrutura de gestão, o que facilita o processo de sucessão nas empresas familiares.
Em vez de decisões baseadas apenas em vínculos afetivos ou tradição, entra em cena uma análise mais técnica e estruturada.
Isso permite preparar novas lideranças com maior assertividade e segurança. Segundo levantamento da PwC Brasil, empresas com governança ativa demonstram maior capacidade de transição entre gerações.
Inovação e adaptação ao mercado
Em um cenário empresarial em constante transformação, contar com conselheiros que acompanham o mercado e desafiam modelos tradicionais de gestão, é essencial para a longevidade do negócio.
O conselho pode antecipar tendências tecnológicas, sugerir a adoção de novos modelos de negócio e identificar mudanças regulatórias que impactam diretamente a operação da empresa.
Isso amplia a capacidade da organização de se adaptar de forma ágil e estratégica às demandas do ambiente externo.
Fortalecimento da reputação e da governança
A existência de um conselho consultivo ativo também fortalece a imagem da empresa perante investidores, parceiros e o mercado em geral.
Um grupo que contribui com visão crítica e estratégica comunica compromisso com boas práticas de governança, integridade e responsabilidade corporativa.
Essa percepção reforça a confiança dos stakeholders e abre caminhos para parcerias mais sólidas e oportunidades de crescimento sustentável.
O papel transformador do conselheiro atuante
O conselheiro não existe para confirmar conveniências. Seu papel é instigar análise, exigir visão amparada em dados, provocar questionamentos e desafiar consensos. Mais do que concordar, o conselho consultivo precisa gerar mudanças.
O papel do conselheiro não se limita à participação em reuniões, ele estrutura estratégias e tem a função de propor parcerias com impacto real.
Diante disso, se o seu conselho apenas assiste, talvez seja hora de revisar seus membros e estrutura.
A verdadeira governança exige presença, coragem e contribuição crítica. Que tipo de conselheiro você quer ao seu lado?
Gostou do conteúdo? Compartilhe. Lembre-se que na MORCONE pensamos em cada área do seu negócio, utilizando metodologias e práticas inteligentes. Acompanhe o trabalho do Advisor, Conselheiro Consultivo e Administrador de Empresas, Carlos Moreira, também no LinkedIn.
Sucessão empresarial: por que o improviso ainda é o maior inimigo das empresas familiares?
Conselho consultivo como aliado inteligente no planejamento financeiro estratégico