Um dos principais problemas enfrentados pelas empresas familiares, sem dúvida é a falta de planejamento sucessório estruturado. Sabe-se que segundo pesquisa, estima-se que 30% das empresas dessa modalidade chegam à segunda geração e apenas 5% à terceira.
Sem uma preparação adequada, é impossível garantir a longevidade de uma empresa e muitos negócios falham por não priorizarem esse processo essencial.
Com ampla experiência no ambiente corporativo e atuando como advisor à frente da MORCONE, onde ajudo empresas, incluindo empresas familiares, discuto sobre a importância do conselho consultivo para a sucessão empresarial.
Principais desafios no momento da elaboração do planejamento sucessório estruturado
Inicialmente, é preciso salientar que a elaboração do planejamento sucessório é um processo complexo e que necessita de tempo (alguns anos na maioria dos casos) para ser elaborado.
Dentre as principais dificuldades em torno da iniciativa está a definição de quem são os possíveis sucessores, de maneira que essas pessoas tenham amplo conhecimento acerca da empresa, de seu propósito, cultura, objetivos de longo prazo e que consigam tomar decisões de maneira consciente e que sejam coerentes à administração anterior.
Além disso, vale lembrar que muitos conflitos são gerados no momento do planejamento sucessório, sendo assim, é essencial o apoio do conselho consultivo de maneira que possam melhor mediar as iniciativas e tornar a elaboração do planejamento o mais tranquila possível para a empresa e os envolvidos.
Importância de montar um conselho consultivo para a sucessão empresarial
O planejamento sucessório estruturado, precisa seguir algumas importantes etapas como:
Ser planejada com antecedência – De maneira que sejam organizadas medidas para o antes, durante e após a implementação do planejamento;
Investimento nos potenciais sucessores – Nem sempre os possíveis sucessores são devidamente treinados para lidar com os desafios de uma administração, sendo assim, o investimento em capacitação é essencial;
Ajuda profissional para minimizar conflitos – O apoio externo é importante principalmente pela ausência de influências internas, o que favorece a orientação acerca de decisões com base em fatores técnicos e racionais como dados de mercado, por exemplo.
O conselho consultivo para a sucessão empresarial é essencial para garantir que o processo ocorra de maneira eficiente.
Cabe ao conselho as funções:
- Reconhecer a qualificação necessária nos possíveis sucessores;
- Estabelecer critérios para a escolha dos familiares para assumir posições de liderança;
- Definir processos que ajudem na redução de conflitos de interesse.
O conselho consultivo para a sucessão empresarial atua principalmente como importante mediador, não apenas de conflitos, mas da comunicação entre os membros da família e os principais stakeholders.
Com o apoio dos conselheiros torna-se possível a promoção da longevidade empresarial e da sustentabilidade empresarial de maneira segura.
Os conselheiros têm a missão de compreender os relacionamentos internos, a realidade da empresa e onde deseja chegar, sua cultura, estrutura, entre outros fatores e, assim, orientar para que a transição ocorra da melhor maneira.
Planejamento sucessório começa na cultura
Antes de qualquer criação estratégica no negócio, é fundamental uma revisão cultural de maneira que as mudanças implementadas não sejam como uma “imposição” ao negócio, mas como uma resposta de sua cultura interna.
Um dos processos mais complexos no planejamento sucessório é o engajamento de todas as partes envolvidas e quando se trata de uma cultura adaptativa diante das transformações do mundo, torna-se mais fácil envolver as diferentes esferas do negócio na mudança.
Visão externa como suporte essencial
O conselho consultivo para a sucessão empresarial também atua com base na imparcialidade, já que os profissionais conferem visão externa à realidade e “vícios de gestão” adotados no dia a dia da empresa.
Enquanto o fundador ou atual administrador da empresa familiar pode ter alguma preferência quanto ao sucessor, o conselho consultivo tem como foco garantir que o profissional escolhido seja plenamente capacitado tecnicamente e que esteja alinhado com os propósitos estratégicos da organização.
A sucessão estruturada tem como premissa garantir a sustentabilidade da empresa acima de quaisquer interesses individuais, sendo assim, ter o apoio do conselho consultivo fará toda a diferença para que as melhores decisões de médio e longo prazo sejam tomadas.
Desenvolvimento de talentos
De certa maneira, vinculado ao tópico anterior, o conselho consultivo também tem como atribuição a capacidade de identificar e de preparar futuros líderes, ajudando no desenvolvimento de talentos que possam ajudar na transição da administração com sucesso.
Minimizando conflitos
Como parte do conselho, é fundamental assegurar a implementação das práticas de governança corporativa, o que inclui a criação de políticas e o cumprimento de seus pilares, especialmente a transparência na gestão. Com isso, a comunicação da empresa tende a ser conduzida de forma mais eficiente.
Realizar reuniões periódicas ou criar comitês dedicados à discussão dos objetivos da empresa e dos relacionamentos familiares é uma das estratégias comuns para garantir um processo de planejamento sucessório bem-sucedido.
Mitigação de riscos
A atuação do conselho consultivo para a sucessão empresarial também ajuda na identificação e mitigação de potenciais riscos durante o processo de sucessão, garantindo a sustentabilidade da empresa no mercado.
Sua empresa está na primeira geração e ainda não tem um planejamento sucessório estruturado?
Como conselheiro consultivo, minha orientação é para que o empresário se atente o quanto antes para a importância de elaborar o planejamento sucessório estruturado por meio da visão externa de profissionais habilitados.
Além de auxiliar planejando o futuro da empresa, o conselho consultivo também será um importante instrumento de implementação da governança corporativa no negócio, gerando não apenas benefícios à administração interna, mas também quanto ao bom relacionamento com todos os públicos de interesse.
É comum em um cenário econômico volátil e devido à cultura empreendedora brasileira, que empresas não tenham o hábito de se antecipar aos eventos futuros ou de garantir, por meio de importantes decisões, a longevidade organizacional. E por essa razão, é tão importante ter um apoio profissional para estruturar o negócio para o sucesso.
As maiores empresas brasileiras como Gerdau, Grupo Jacto, Oilema, Baterias Moura, entre outras, têm em comum a visão de longo prazo, uma qualidade tão importante e ao mesmo tempo escassa na atualidade.
É compreensível o senso de urgência entre os negócios, principalmente diante de um quadro sociopolítico delicado que passa por inúmeras transformações não lineares em ciclos cada vez menores, mas é necessário quebrar a “cultura do agora” e pensar na longevidade como o ativo mais valioso que a empresa deve se preocupar.
Como permanecer através das gerações de maneira bem-sucedida, equilibrada e deixando boas lições às novas empresas? A chave é a preparação, que leva tempo e que requer estrutura e também capacidade externa.
O conselho consultivo costuma ser o primeiro contato das empresas com uma estrutura de governança corporativa sólida e pode ser a resposta para construir uma negócio cujos valores resistem ao tempo.
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