O quanto empresas familiares estão envolvidas com a próxima geração?
Dados da 10ª Pesquisa Global de Empresas Familiares, publicada em 2021 pela PwC mostrou que apenas 24% das 282 empresas brasileiras pesquisadas, afirmou o desejo por aumentar o envolvimento da próxima geração em decisões e gestão, ou seja, preparar o caminho para a sucessão.
E algumas empresas têm sido referência de perenidade para outros negócios nacionais como é o caso da PJNeblina, empresa de distribuição de materiais elétricos, projetos e serviços que vivencia atualmente o planejamento do processo de sucessão estruturada.
A organização já está sob a gestão da 2ª geração familiar, com Marcos Sutiro e Teresa Cristina Sutiro Angelieri à frente do negócio fundado por seu pai, Narciso Sutiro, há quase 60 anos.
Este é um exemplo de uma empresa que continuamente está se adaptando às mudanças, com exemplo da ampla digitalização, de novas tecnologias guiadas por inteligência artificial (IA) e em novos modelos de liderança pautados em colaboração e em que os profissionais se veem diante da indústria 4.0.
Com ampla experiência no mercado corporativo e como consultor à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, auxiliando empresas de diferentes portes e segmentos na implantação da governança corporativa e prática da pauta ESG, hoje quero abordar sobre a sucessão empresarial estruturada e o que leva empresas familiares à perenidade no mercado.
O que leva empresas familiares a perpetuar no mercado atravessando gerações?
Muitas empresas familiares começam no mercado, sem o devido planejamento ou compreensão de como deve ser a dinâmica familiar na gestão da empresa.
Em muitos casos, a empresa enxerga a presença dos familiares como uma alternativa para a redução de custos ou sob o viés da isenção do rigor da lei quanto a salários e limites de horários.
Mas no decorrer do processo, começam a surgir conflitos de interesse que irão exigir uma maior preocupação por parte dos sócios, principalmente quanto à profissionalização da empresa para que consiga progredir no mercado.
Outra pesquisa, também desenvolvida pela PwC, mostrou que em contexto mundial, apenas 12% das empresas familiares chegam à terceira geração e esse é um dado preocupante, já que 90% das empresas brasileiras, aproximadamente 7 milhões, são familiares. Desse total, estima-se que 30% chegam à segunda geração e apenas 5% à terceira.
A perenidade da empresa familiar dependerá diretamente do planejamento, que precisa ser realizado logo no início da organização. A transição de geração, ou seja, a sucessão empresarial estruturada precisa estar prevista em contrato social, em que geralmente são utilizados modelos padrões por contadores.
O processo precisa ser feito com a presença do fundador da organização e com a participação ou aval de todas as pessoas envolvidas. Não se trata de um processo simples, já que em muitos casos, reverbera casos de conflitos de interesse já existentes ou suscita novas questões.
Outro fator envolvido na dinâmica familiar e que recai sobre a sucessão empresarial é o emocional, assim como questões de relacionamento vêm à tona tornando desafiador lidar com situações que, em outros contextos, poderiam ser administradas de maneira mais simples.
Principalmente nos casos em que o fundador tem mais de um herdeiro, muitos conflitos podem surgir, desde o desejo de todos pela cadeira do fundador até a pessoa escolhida pelo fundador não desejar ocupar a cadeira na gestão.
O que chama à atenção no caso mencionado da PJNeblina é o forte alinhamento com a cultura original da empresa, o foco em relações mais humanizadas e o “sentimento de lealdade” em relação à organização, assim como uma visão em longo prazo de crescimento no mercado.
O grande desafio está em como se manter relevante em um mercado que está em contínua transformação e cada vez mais competitivo? Como inovar e ao mesmo tempo preservar o legado da empresa?
Planejamento e sucessão empresarial estruturada – melhores decisões no momento certo
Dentre os principais desafios no processo de sucessão empresarial estruturada, estão:
- Nepotismo – o ato de favorecer um colaborador (nível financeiro ou demais benefícios), devido ao grau de parentesco;
- Abrir mão do cargo – o que geralmente ocorre no processo sucessório, quando o fundador encontra dificuldades em “abrir mão” do seu cargo;
- Rivalidade entre irmãos – um dos problemas mais comuns em conflitos internos;
- Choque cultural – se refere à dificuldade de alinhar uma única cultura organizacional, diante de tantas visões diferenciadas de cada membro da gestão;
Entre outros.
A implantação da governança corporativa é o meio essencial para que a empresa familiar consiga se manter através das gerações e expandir no mercado.
Marcos Sutiro à frente da PJNeblina acredita que um dos fatores que leva a empresa a se manter no mercado é a constante busca por evolução e modernização da companhia para que seja adequada aos novos tempos, por isso, a organização têm investido na digitalização dos processos para atender cada vez mais os clientes.
Já Teresa Cristina, destaca a agenda ESG como uma das grandes estratégicas para que a PJNeblina se mantenha atuante em seu setor.
Para o planejamento sucessório estruturado, a organização conta com o apoio de uma empresa de consultoria especializada em transição de gerações, por meio do planejamento do processo de sucessão continuada e da implementação de estruturas de governança corporativa.
Hoje a empresa já está sob a 3ª geração da família se tornando um exemplo a tantas outras empresas familiares que desejam ir além e manter sua história através das gerações.
Sem profissionalização, as chances de transmitir legado se tornam mínimas
É fundamental ter uma governança corporativa sólida e se dedicar às atividades complexas, porém essenciais, como é o caso do planejamento sucessório estruturado.
Como a PJNeblina que buscou o apoio de uma consultoria especializada para apoio na sucessão empresarial, é importante que as organizações procurem apoio em atividades mais complexas, que exijam maior acurácia nas análises, ainda mais na dinâmica de uma empresa familiar.
Uma visão externa à gestão e vícios da empresa é muito importante, assim como pensar no planejamento sucessório o quanto antes, de forma estruturada.
Um dos principais desafios para os herdeiros é a conscientização de que não irá herdar a empresa, mas mais do que isso, uma “sociedade” formada por pessoas que não se escolheram, além disso, é fundamental que exista a separação entre os conceitos de família, propriedade e empresa.
A organização que tem um bom planejamento sucessório também impacta no aumento da confiança por parte dos investidores, o que leva ao aumento da competitividade no mercado.
Você tem uma empresa familiar e deseja expandir e deixar um legado? Invista esforços no planejamento da sucessão empresarial estruturada e conte com uma visão externa experiente para ajudar em todo o processo.
Gostou do conteúdo? Compartilhe. Lembre-se que na MORCONE Consultoria Empresarial pensamos em cada parte do seu negócio, utilizando metodologias e práticas inteligentes. Acompanhe o trabalho do consultor, Carlos Moreira, também no LinkedIn.
Veja também:
GSE – Seria necessário inverter a sigla ESG já que tudo começa pela Governança?
Para uma governança eficiente, primeiro é preciso “querer” que ela exista