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GSE – Seria necessário inverter a sigla ESG já que tudo começa pela Governança?

A pauta ESG se fortaleceu na pandemia e continua ditando as regras no cenário corporativo, mas junto a ela, surgem cotidianamente reflexões.

No início de 2021, foi postado no blog MORCONE Consultoria Empresarial sobre a governança como fator imprescindível para que os demais pilares ESG (Social e Meio Ambiente) possam ser cumpridos entre as organizações ao redor do mundo.

O conceito ESG (em português *Meio Ambiente, Social e Governança) tem relação com os três principais fatores da sustentabilidade e impacto social de uma organização: meio ambiente, responsabilidade social e governança, que representam um “selo” para empresas e investimentos que têm, ao longo dos anos, mudado a mentalidade sobre o cenário corporativo.

O termo já era conhecido desde 2004, quando mencionado em um documento da ONU “Who Cares Win” (Ganha Quem Se Importa), mas ganhou destaque definitivo no mercado corporativo em 2020, quando Larry Fink, o diretor-executivo da BlackRock, a maior gestora de fundos de investimento do mundo, em uma carta anual, fez o anúncio de que a sustentabilidade seria um critério para as decisões da gestora.

Essa decisão levou organizações ao redor do mundo a se preocuparem, afinal, o não comprometimento com a pauta ESG poderia resultar na ausência de capital.

Foi aí que essa jornada de conhecimento em torno do conceito ESG ganhou força, e ainda que milhares de organizações tenham começado a se preocupar com a sustentabilidade empresarial por uma necessidade focada principalmente em se “adequar às regras”, estão aprendendo que “consistência” tem a ver com vivenciar propósitos.

A questão é que têm surgido alguns questionamentos sobre a sigla ESG estar invertida, afinal, se tudo começa pela governança, ela deveria estar no começo, por ser a base da sustentabilidade. O S de Social deveria vir em seguida, já que representa como a organização se relaciona com os seus clientes, equipe, assim como com a comunidade e sociedade como um todo, sendo assim, por que não GSE (Governança, Social e Meio Ambiente)?

GSE – Uma revisitação da sigla ESG para um contexto de compreensão mais assertivo?

Diante da consolidação do ESG ao redor do mundo, alguns especialistas têm questionado sobre a sigla GSE como a mais indicada já que coloca a governança no lugar de maior destaque.

A questão levantada seria do E (Environmental/Meio Ambiente) no final da sigla GSE, de repente representar “menor importância” do que os demais pilares, porém, vale destacar que seria mais uma questão de compreensão assertiva sobre o conceito.

Por muitos anos, organizações praticavam a sustentabilidade com foco apenas na sustentabilidade ambiental, com ações como redução da emissão de carbono, funcionamento a base de energia solar, entre outras ações, que obviamente são muito importantes, mas a sustentabilidade não está limitada apenas a isso.

Aliás, vale a reflexão acerca do greenwashing, quando inúmeras empresas dedicavam parte dos seus relatórios a informar suas ações de sustentabilidade, quando na prática, não era isso que se via na cultura do negócio.

O GSE seria uma proposta de revisitação da sigla, tratando todas as esferas presentes como igualmente fundamentais, mas o que se vê na realidade, é a governança colocada em segundo, terceiro plano, mesmo sendo fundamental por ter como foco o objetivo dos sócios, os resultados, ou como a empresa é gerenciada, a independência do conselho de administração, transparência, accountability e responsabilidade social.

Como seria possível a uma organização focar em ações referentes ao meio ambiente, ao social, sem que isso antes fizesse parte de uma discussão iniciada na pauta dos conselhos entre as empresas, ou que estivesse presente na cultura organizacional, tendo sido desenhada com base nos propósitos dos fundadores, sobre onde a empresa deseja chegar e como deseja ser lembrada?

É preciso evitar o “greenwashing velado” entre as organizações

Quando uma organização está indo bem no mercado e é considerada como uma das mais bem-sucedidas no mundo, implementar ESG se torna mais “fácil” direcionando parte de seus lucros a questões relacionadas ao meio ambiente e avanço social (que começa *ou deveria começar*  no relacionamento interno com os colaboradores).

Mas e diante de uma crise financeira? Na pirâmide de prioridades, o ESG ainda estaria no topo? Provavelmente não, porque é essa a realidade, ainda precisamos de muitos avanços, principalmente quanto à mudança de mentalidade por parte de gestores sobre a pauta ESG ser vivenciada como cultura do negócio.

A ideia da revisitação da sigla com o intuito de reforçar o pilar da governança, garantindo a consistência do conceito ESG como um todo faz sentido à medida que deixa claro que sem o G, não pode existir o S e o E, mas muitos especialistas acreditam que essa mudança de posição de “letras” na nomenclatura precisa ser realizada na consciência dos gestores ao redor do mundo.

Principalmente no período mais crítico da pandemia, a sociedade se viu totalmente dependente de trabalhadores que muitas vezes eram negligenciados (entregadores, balconistas, caminhoneiros, auxiliares de enfermagem, entre tantos outros), expondo o quanto o fator Social no ESG é necessário e urgente.

Todos os pilares do conceito são fundamentais, porém é claro que se a organização não vivencia uma governança sólida, fica inviável o cumprimento dos demais. Quando um pilar está comprometido, o conceito ESG não se sustenta, porém sem governança, isso se torna quase utópico.

Muitas organizações ainda não aprenderam ou não internalizaram o quanto o GSE é fundamental para o seu desenvolvimento no mercado e isso reverbera diretamente em uma exposição negativa, em grande parte dos casos, junto aos stakeholders.

O caso brasileiro de maior destaque e recente que simboliza o quanto viver o ESG na teoria não funciona, é o da Americanas, que se enquadrava em todos os índices de sustentabilidade, aparentemente se mostrava equilibrada no mercado, mas não vivia uma governança corporativa sólida.

Em meus atendimentos junto a empresas de diferentes portes, principalmente quando se trata da implantação da governança e do ESG, o que fica evidente é a falta da compreensão clara sobre o que esses instrumentos de gestão representam.

Se as empresas conseguissem compreender o quanto a governança permite ao negócio um crescimento equilibrado no mercado e gera confiabilidade aos públicos internos e externos, talvez fossem mais cuidadosas em relação a uma mudança cultural em que a governança e ESG se tornam parte inerente de seu exercício no cenário corporativo.

Se a sigla fosse alterada para GSE, realmente as coisas mudariam? Acredito que em parte, mas algo pouco significativo em comparação a uma mudança de consciência real que fizesse com que os gestores olhassem muito mais para como estão internamente e em como estão dialogando com o mundo.

Como especialista em governança e ESG, tendo atendido tantos cases, acredito que o único caminho para a mudança de percepção quanto ao valor da governança, esteja em uma revisitação cultural por parte das empresas e a complexidade disso passa pelo fator pessoas.

GSE, ESG, talvez importe muito pouco, quando a necessidade maior é quanto a acreditar e vivenciar de fato o poder dessa sigla.

 

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Veja também:

Orientações essenciais de gestão para as PMEs brasileiras

Para uma governança eficiente, primeiro é preciso “querer” que ela exista

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