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Transtorno de ansiedade no trabalho – mais comum do que se possa imaginar

O assunto saúde mental no trabalho tem sido cada vez mais discutido, afinal, em muitos casos, é no trabalho que transtornos mentais podem ter início. A depressão, por exemplo, está entre os cinco índices mais elevados do planeta e os transtornos mentais no geral acarretam perdas que chegam a US$ 1 tri por ano para a economia global.

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 9,3% dos brasileiros apresentam algum transtorno de ansiedade, o que confere ao Brasil, a maior taxa de transtornos de ansiedade do planeta. No mundo, 33% da população sofre de ansiedade e segundo pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, no total, 24 milhões de brasileiros sofrem de ansiedade, o que representa o índice de 12%, além disso, estima-se que 23% da população brasileira sofrerá de algum distúrbio ansioso ao longo da vida.

Com ampla experiência de mais de 35 anos no mundo corporativo e desde 2015 à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, hoje trago mais um artigo necessário dessa série sobre saúde mental, dessa vez sobre o transtorno da ansiedade no trabalho. Recentemente escrevi sobre a depressão, síndrome do pânico e síndrome de Burnout e a relação que esses problemas têm com o ambiente profissional.

Por que é preciso falar sobre saúde mental no trabalho?

Esse ainda é um questionamento presente entre muitas empresas. Como consultor, os problemas que mais surgem são aqueles relacionados à gestão do negócio e à gestão financeira e geralmente são essas razões que levam os gestores das empresas a se preocuparem. Mas há um problema “silencioso” que pode afetar muito mais uma empresa, que são os transtornos mentais.

Não friso a importância de que se fale em saúde mental no trabalho apenas no que se refere aos colaboradores, mas a necessidade se estende também aos líderes e gestores. Como enfrentar qualquer problema, seja de gestão ou financeiro, sem saúde mental? Como um gestor que sofre de uma depressão não diagnosticada, por exemplo, consegue pensar em estratégias para ajudar a sua empresa a se reerguer na crise?

De que maneira um líder, que sofre de uma síndrome de Burnout não diagnosticada, conseguirá executar da melhor maneira o seu trabalho?

Em ambos os exemplos, a interpretação das emoções se dará de maneira superficial, o gestor com depressão, dirá que está mais triste e pessimista por conta do momento atual que está sendo vivido no Brasil, já o líder com a síndrome de Burnout, acreditará que está muito cansado apenas, porque se sente muito esgotado de tantas pressões e demandas. As maiores instituições de ensino têm módulos inovadores de gestão, finanças, governança corporativa, etc., mas ninguém menciona a importância da saúde mental no trabalho.

O transtorno da ansiedade, por exemplo, ainda é compreendido pelas pessoas de maneira rasa. Quando alguém diagnosticado diz que sofre de ansiedade, é comum ouvir: mas ansiedade todo mundo tem.

E muitas vezes, um ambiente de trabalho doente pode contribuir para o desenvolvimento de doenças mentais entre gestores, líderes e colaboradores. Como lidar com esse problema?

Transtorno da ansiedade no trabalho – causas e sintomas

Muitas podem ser as causas de ansiedade no ambiente de trabalho. De acordo com pesquisa realizada em 13 países, pela Robert Half, o excesso de tarefas e falta de reconhecimento estão entre os principais “gatilhos” para o desenvolvimento de um comportamento ansioso.

Há outros fatores que podem estar relacionados com o desenvolvimento do transtorno da ansiedade no trabalho, como:

  • Excesso de preocupação e responsabilidade;
  • Prazos curtos para a realização de atividades e cumprimento de metas;
  • Metas que fogem da realidade;
  • Busca desenfreada por resultados;
  • Sensação de apreensão no relacionamento com as demais pessoas;
  • Refeições inadequadas ou com tempo escasso;
  • Entre outros.

Dentre os principais sintomas do transtorno da ansiedade no trabalho, estão:

  • Mal-estar;
  • Tonturas;
  • Falta de ar;
  • Boca seca;
  • Suor excessivo;
  • Sensação de fraqueza e cansaço;
  • Insônia;
  • Tremores;
  • Entre outros.

Ansiedade afeta diretamente a qualidade de vida da equipe

A pessoa que sofre de ansiedade tem a sua qualidade de vida afetada, além disso, não consegue lidar com as atividades profissionais, sentindo-se em muitos momentos, incapaz, desmotivada e insatisfeita. Esse comportamento em longo prazo passa a afetar a produtividade de um colaborador.

A pessoa ansiosa tende a se sentir menos concentrada, com memória falha, indecisa, com dificuldades quando solicitado o seu julgamento em determinada situação. Em muitos casos, a pessoa consegue desempenhar o trabalho, mas com rendimento abaixo do esperado, sem contar a sensação interna de que não consegue lidar com o trabalho, demandas, etc.

Já falei em outro artigo da série sobre a necessidade de que as empresas contem com políticas voltadas para a saúde mental, e que promovam o bem-estar por meio de atividades como: atividade física, massagem, palestras de conscientização sobre problemas de saúde mental, etc.

O caminho é o cuidado e o apoio da psicoterapia e, quando não for o suficiente, a utilização de medicamentos receitados por um psiquiatra. A ansiedade não é uma bobagem que todo mundo sente, é um problema que pode afetar a qualidade de vida da pessoa e sua atividade profissional.

Empresas que não se preocupam com a saúde física e mental de seus colaboradores estão dando as costas para o próprio desenvolvimento no mercado. A cada dia mais no mundo, os acontecimentos mostram a necessidade de que as pessoas olhem para o seu emocional, para que se tratem. Se negócios são formados por pessoas, como pessoas doentes poderão desempenhar as suas atividades da melhor maneira?

 

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Veja também:

Síndrome de Burnout ou esgotamento profissional – É preciso falar sobre isso

É preciso falar sobre saúde mental no trabalho em tempos de Covid-19    

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