As micro e pequenas empresas foram as mais impactadas pela pandemia e muitas delas se viram obrigadas a fechar as portas por falta de capital de giro, que é o centro de decisões do negócio.
Recentemente foi aprovado pelo Senado, o projeto de lei que tornou o Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), uma política de crédito permanente, ou seja, micro e pequenas empresas poderão obter empréstimos com taxas de juros subsidiadas que podem chegar a 6% ao ano, mais a taxa Selic.
Com mais de 35 anos no mundo corporativo e desde 2015 à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, hoje trago um artigo sobre como as empresas devem lidar em casos de problemas da falta de capital de giro.
Mesmo com o apoio de empréstimos, muitas PMEs ainda encontram problemas para se manter
Ano passado foram disponibilizados R$ 37 bilhões em crédito pelo Pronampe e a linha foi usada por quase 520 mil micro e pequenas empresas. Essas empresas assumiram o compromisso de manter o número de funcionários e de utilizar os recursos para financiar a atividade empresarial, como investimentos também em capital de giro.
Em fevereiro desse ano, a Desenvolve SP anunciou mais de R$ 100 milhões em crédito para micro e pequenas empresas, com juros de 0,8% ao mês e com prazo de 60 meses.
Bancos e outros órgãos também disponibilizaram linhas de crédito para empresas com dificuldades para se manter no mercado. Mas ainda assim, muitos negócios ainda enfrentam problemas da falta de capital de giro ou estão vendo os seus recursos se esgotarem e lucros cada vez menores.
Sempre friso que o empresário/empresária precisa constantemente renovar os conhecimentos e estudar o mercado. Embora essencial, o capital de giro deveria ser a reserva necessária, caso a empresa necessite, mas não a única reserva, se isso ocorre, estamos diante de um problema estrutural no negócio que precisa ser identificado.
Capital de giro em tempos de pandemia passou a representar “apagar incêndios”, mas não é essa a função desse recurso dentro da gestão financeira de um negócio. Capital de giro auxilia na tomada de decisões, principalmente em casos em que a empresa está em busca por expansão, por melhorias, que consequentemente reverberarão no aumento de sua lucratividade.
Empresas não devem estar suscetíveis ao mercado
“Mas é o mercado que rege tudo”, muitos podem pensar. Sim, o mercado é o termômetro do que ocorre na economia, do que precisa ser mudado na dinâmica do negócio, mas não pode reger o negócio. A empresa precisa responder positivamente ao mercado e não ser engolida por ele.
Problemas da falta de capital de giro também estão relacionados a uma visão distorcida do que esse instrumento representa na gestão do negócio. As empresas estão se afogando e, em muitos casos, o problema principal não é a escassez de recursos, mas um processo operacional com graves falhas, falta de uma boa gestão de vendas, de softwares específicos para uma visão macro e micro do negócio, enfim, qual a raiz do problema?
As empresas não entendem a raiz de seus problemas e por isso se afogam no mercado. Se você está doente e apenas toma um remédio para a dor, se recusando a um exame profundo, o que está fazendo é apenas tratando sintomas.
Capital de giro não serve para tratar sintomas de graves problemas de gestão. Negócios que se utilizam de sua reserva para isso, inevitavelmente fecharão as portas.
Quando pedir ajuda especializada?
Quando os gestores não estão conseguindo conter os problemas do negócio ou quando a sensação é a de que se está fazendo um grande esforço por nada.
A visão externa ao negócio, de alguém que tenha ampla experiência e que não esteja “viciado” com a gestão interna, é de extrema importância. É como no exemplo mencionado acima, procurar por um especialista por estar cansado de resolver “sintomas” de problemas de gestão.
Os problemas da falta de capital de giro, muitas vezes estão relacionados a uma gestão que tem se arrastado por alguns anos. A empresa precisa deixar de sobre(viver) no mercado e precisa de ajuda para crescer, para lucrar.
Se as reservas financeiras estão esgotando ou se o negócio acredita que recorrer a uma linha de crédito é a única solução, vale ressaltar que o problema, na maioria dos casos, é estrutural no negócio e precisa ser tratado em sua causa e não superficialmente, como infelizmente é tão comum.
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