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Como garantir que as práticas ESG sejam reais e não ‘greenwashing’ por parte das empresas?

Nos últimos anos a pauta ESG (em português Meio Ambiente, Social e Governança) passou a fazer parte das agendas e estratégias de comunicação das empresas brasileiras.

O conceito ESG teve origem em 2004 na publicação Pacto Global com o Banco Mundial (chamada “Who Cares Win”), que ganhou maior notoriedade na fase da pandemia e pode ser compreendido como a própria sustentabilidade.

Nos últimos meses, o caso Americanas S.A. teve grande repercussão quando comunicou ‘inconsistências contábeis’ que chegaram ao valor de R$ 43 bilhões. No relatório de 2021, a varejista afirmou estar comprometida com uma Gestão Sustentável, incorporando metas baseadas nos pilares ESG à remuneração de todos os cargos de liderança.

Essa é a mesma realidade de inúmeras empresas brasileiras que afirmam práticas ESG quando ainda estão dando os primeiros passos rumo à certificação.

Outra prática comum entre muitas empresas é tratar o ESG como filantropia, abraçando causas obviamente importantes, mas que representam um ponto entre tantos outros envolvidos no guarda-chuva ESG.

Com mais de 36 no mercado corporativo e como consultor frente à MORCONE Consultoria Empresarial, sendo responsável por implementar a governança corporativa e ajudar empresas a assumirem compromisso com a pauta ESG, hoje quero falar sobre o que estaria “faltando” para que as empresas brasileiras sejam verdadeiramente ESG.

Quando falar em sustentabilidade estava em alta, muitas organizações faziam greenwashing, mas hoje é preciso que haja uma reforma cultural

greenwashing (jargão em inglês) é a definição da falsa propaganda por parte das empresas a respeito dos pilares de sustentabilidade.

Literalmente, por muitos anos, empresas apostaram em campanhas de comunicação, mostrando que os seus produtos eram saudáveis ou que eram sustentáveis por determinadas ações adotadas como: rótulos de sustentabilidade nos produtos; ter um sistema de reciclagem interno; aprovação em relatórios sustentáveis, entre tantas outras.

Quando o conceito ESG ganhou força e se tornou padrão global, atraindo a atenção de grande parte dos consumidores e sendo um dos mais importantes critérios adotados por investidores do mundo todo, muitas organizações adotaram estratégias de comunicação ESG, porém sem ainda estarem de fato conscientes sobre os impactos dessa decisão, o que torna sua postura “não natural” ou greenwashing.

Verdade é que a governança e as práticas ESG estão intimamente ligadas e para que seja vivenciada uma transformação verdadeira colocando em prática estes conceitos, é essencial que as organizações compreendam e internalizem essas práticas em sua cultura.

Por muito tempo era vivenciada a realidade de que um dos principais objetivos de uma organização era gerar lucro aos seus acionistas, mas atualmente tem se falado cada vez mais no capitalismo consciente e em uma nova percepção sobre o trabalho sob a perspectiva da indústria 4.0.

O intuito dessas transformações também é que organizações ao redor do mundo repensem sua atuação no mercado e o quanto pode gerar impactos na sociedade e, se for um caso de impactos negativos ao meio ambiente, por exemplo, quais ações tomar para minimizar ao máximo esse efeito?

Segundo a British Academy em seu relatório Principles for Purposeful Business (Princípios para Negócios com Propósito), “o objetivo dos negócios é resolver os problemas das pessoas e do planeta de forma lucrativa, e não lucrar em causar problemas”.

A governança assume o importante papel de tornar as práticas ESG integradas à estratégia organizacional, mas mais do que isso, a governança também tem uma grande participação na transformação cultural das empresas para a compreensão e vivência de tudo o que envolve ser ESG.

O ‘G’, governança presente no conceito global, é o que atua na mitigação e minimização dos riscos da má gestão, de escândalos e de sanções regulatórias.

Não é uma questão de escolha para as organizações se adotarão um ou outro item presente no padrão ESG ou se a governança fará parte de um ou outro aspecto organizacional, é preciso uma “reforma cultural”.

Se essa pauta não fizer parte da cultura e da vida de todos os envolvidos no negócio, de nada valerá ter uma estratégia ou plano bem definidos e essa tem sido uma preocupação constante no cenário atual brasileiro.

O que será que falta para evitar o greenwashing, reforçado culturalmente por anos em empresas ao redor do mundo, de que era preciso apenas mostrar relatórios e fazer alguma campanha de comunicação sobre os pilares ambientais ou de cunho social?

Quais os caminhos para tornar as práticas ESG tangíveis do ponto de vista prático?

Em relatórios, por meio de algumas adequações, grande parte das empresas consegue estar no ‘hall da sustentabilidade’, sendo assim, algo que se tem discutido ao redor do mundo tem sido a necessidade de tornar a fiscalização cada vez mais criteriosa, assim como punições mais rígidas para casos de organizações que ferem os princípios se expondo aos holofotes mundiais.

De acordo com o Fórum Econômico Mundial, existem cinco temas de relevância para uma boa governança que permitem às organizações uma abordagem holística que auxilia na mensuração das práticas ESG e governança.

  1. Qual é o propósito?

É o propósito que orienta a estratégia na sua organização? Segundo o Fórum Econômico Mundial, tanto o propósito quanto a criação de valor têm sido cada vez mais debatidos e exigidos pelos stakeholders.

Diante disso, como a governança tem exercido o seu papel em direcionar organizações a buscarem um propósito positivo e claro?

  1. Quem compõe o corpo diretivo da empresa?

Os profissionais estão cientes das atribuições de seu papel e estão alinhados com a criação de valor de longo prazo? Grande parte dos relatórios, assim como diversos órgãos reguladores exigem a divulgação de todos os nomes que fazem parte dos conselhos, assim como quais as qualificações, estrutura, políticas, etc.

  1. Qual o nível de engajamento junto aos stakeholders?

Organizações precisam se “debruçar” sobre a compreensão de quais são as preocupações por parte dos stakeholders e como estão impactando sobre cada uma delas.

Estratégias eficazes são orientadas por propósitos que levam ao aumento da responsabilidade por meio da criação de valor sustentável.

  1. Comportamento ético

Esse item é indispensável para avaliar se uma organização está agindo de forma ética, de acordo com as leis e normas comportamentais estabelecidas.

Não basta “obedecer” às regras, é preciso mostrar coerência entre o comportamento e o propósito do negócio. Se realmente diz ser, como isso é mostrado?

  1. Avaliação de riscos e oportunidades

Um dos aspectos mais críticos para a boa governança, sem dúvidas, é a gestão de riscos, sendo assim, a incorporação dos riscos e oportunidades ligados aos pilares econômicos, ambientais e sociais na governança são fundamentais para a criação de valor a longo prazo.

Como sua organização se relaciona com o presente e o futuro?

É preciso considerar a realidade, mas não deixar de olhar além. Não basta que a organização conte com cadeiras destinadas a temas como ESG porque será necessário antes que a mentalidade sustentável esteja presente em todos os envolvidos na administração do negócio.

O contínuo equilíbrio entre sustentabilidade, preocupação real com as questões sociais e com iniciativas lucrativas é a chave para que as organizações consigam navegar no mercado com fluidez e estratégias eficientes.

O mundo está olhando, mas antes de olhar para ele, olhe para a sua organização e veja como ela pode ser aquilo que esperam dela, na prática e não apenas em relatórios.

 

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Cultura organizacional tóxica – o quanto prejudica empresas e pessoas?

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