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Para uma governança eficiente, primeiro é preciso “querer” que ela exista

O quanto a sua empresa está comprometida com a governança corporativa? Qual a visão que compartilha sobre o que seja o ESG?

Muitas organizações vivenciam a governança ou têm um bom discurso sobre as práticas ESG (em português Meio Ambiente, Social e Governança), mas o que se vê são incoerências entre suas palavras e ações.

Ano após ano, vemos no Brasil e no mundo, casos de escândalos (principalmente financeiros), envolvendo grandes empresas e novamente o assunto governança eficiente e ESG surgem nas pautas das discussões.

Porém, contar com esses dois instrumentos fundamentais para a gestão das empresas, não serve unicamente para “evitar” escândalos, é preciso vivenciá-los e uma das grandes complexidades no mundo atual é viver um propósito real e não aquilo que está na “moda”.

Com ampla experiência no mercado corporativo e à frente da MORCONE Consultoria Empresarial auxiliando empresas de diversos portes e segmentos, inclusive, na adoção de uma governança corporativa eficiente e de práticas ESG, meu papel também é o da conscientização sobre esse tema tão necessário.

Governança corporativa, segundo uma das maiores autoridades no tema

Heloísa Bedicks, por duas décadas presidiu o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), uma das mais importantes entidades a tratar do tema no Brasil, fazendo parte da primeira turma de conselheiros formados pelo IBGC, em 1995.

A especialista contou em entrevista ao Valor Econômico que se dedicou por décadas ao assunto, tanto no Brasil, quanto no exterior e já esteve em conselhos de administração ou fiscal em importantes empresas, dentre elas: Mapfre, Vale, Brasilseg, Fundação Boticário e Pacto Global (estas últimas em atuação voluntária).

Sobre a governança corporativa, Heloísa, acredita:

“Se não houver boas práticas de governança, o ambiental e o social não avançam”.

Além disso, ela acrescenta que a estrutura legal brasileira é uma das mais robustas do mundo, mas é necessário que as empresas e seus executivos estejam realmente comprometidos com as melhores práticas. E também alerta que o compromisso com a boa-fé, com a verdade, por parte de quem presta informações da empresa, farão com que casos como o da Americanas não aconteçam.

A Americanas é o caso mais recente de grande escândalo financeiro e de reputação, a empresa contava com todos os requisitos dentro da governança e demonstrava compromisso com as práticas ESG.

escândalo de R$ 43 bilhões foi resultado de erro, o que muitos especialistas apontaram como fraude, mas, por trás disso, o que se refletia era qual a cultura por trás de empresas como a Americanas e tantas outras.

A empresa tinha conselho de administração, conselheiros independentes, comitê de auditoria dando suporte ao conselho de administração, conselho fiscal, além disso, estava do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da B3, estava no Dow Jones Sustainability Index, ou seja, na teoria a Americanas estava dentro de todos os requisitos, mas na prática, muito longe disso.

Cultura dos lucros acima da boa-fé e ética

Cada vez mais tem se falado no capitalismo consciente. Esse conceito ou filosofia de negócios foi desenvolvido por John Mackey, cofundador e CEO da Whole Foods Market, e por Raj Sisodia, especialista em gestão e professor da Babson College.

capitalismo consciente pode ser compreendido como “uma maneira de pensar sobre o capitalismo e os negócios que reflita sobre onde estamos na jornada humana, o estado de nosso mundo hoje e o potencial inato dos negócios para causar um impacto positivo no mundo”.

Para muitas empresas essa pode ser uma visão “utópica”, mas a ideia de consumismo tem sofrido alterações ao longo dos anos. As pessoas têm desejado mais do que comprar um produto, o que se encaixa no termo “consumo consciente”, ou seja, o “comprar por comprar” tem feito cada vez menos sentido, assim como para as empresas o “vender por vender”.

Existem 4 pilares em torno do capitalismo consciente:

Propósito maior – Claro que os lucros são importantes, mas existe um propósito maior além do lucro? Algo que norteia a empresa diante de qualquer cenário, por mais controverso que se mostre, com exemplo da pandemia?

Integração de stakeholders – Todas as partes interessadas têm o mesmo valor: clientes, colaboradores, fornecedores, investidores, financiadores, acionistas, assim como comunidades e meio ambiente.

Liderança consciente – A ideia de “comando e controle” por tanto tempo vivenciada na administração, hoje não faz mais qualquer sentido. A mentalidade de colaboração, de trabalhar “juntos” tem sido o principal direcionador para as lideranças atuais.

Cultura consciente – Vivenciar todos esses aspectos presentes no capitalismo consciente contribui para uma cultura de confiança, cuidado e cooperação entre os times e todas as partes interessadas.

Heloísa Bedicks também mencionou em entrevista sobre a necessidade que se saía da mentalidade de:

  • capitalismo de shareholders (voltada aos acionistas), cuja ideia é o compartilhamento de lucros e resultados;

Para o:

  • capitalismo de stakeholders, em que se leva em conta toda a cadeia produtiva, a comunidade, assim como o tanto de recursos naturais que estão sendo utilizados e o quanto isso é sustentável no longo prazo.

“A novas gerações trazem um olhar para o mundo que é muito diferente das gerações anteriores. Elas estão preocupadas com os recursos humanos, com as comunidades, com a preservação ambiental”, acredita a especialista.

Governança eficiente – quando as empresas entendem e praticam em sua cultura

“O que eu preciso fazer para atender às regras?” Essa é uma mentalidade comum entre muitos empresários brasileiros.

Mas não basta “condenar” estes pensamentos, mas compreender as questões culturais envolvidas.

É comum que muitos empresários abram um negócio porque querem ganhar dinheiro e claro que isso é aceitável e, de certa forma, óbvio. Mas a reflexão é: não importa muito qual foi a mentalidade que te fez abrir sua empresa, você pode ajustá-la quando compreender o que acontece ao seu redor.

No decorrer da vida, todas as pessoas podem aprender, errar, consertar erros, mudar as suas crenças e pensamentos e isso reflete sobre o fazer organizacional.

A governança eficiente é aquela que é compreendida e vivida nas organizações. Não basta mais estar nos índices de sustentabilidade ou ter uma  ilustração que remeta ao meio ambiente nas embalagens dos produtos.

Assim como não basta fazer menção sobre diversidade, quando o número de mulheres que ocupam cargos na empresa e cadeiras no conselho ainda é muito aquém do esperado ou quando quase não se veem profissionais mais jovens interagindo por meio de suas novas perspectivas junto aos profissionais mais experientes.

Mas mais do que isso, a diversidade é um conjunto de fatores que também envolve o background profissional e até mesmo regional, afinal, empresas que são globais precisam contar com um conselho global.

A governança eficiente não pode existir quando a organização tem apenas um “roteiro” do que ela é, mas não consegue vivenciá-la porque ainda não acredita que “serve para alguma coisa”.

O que as empresas vivenciam é resultado daquilo que acreditam. Heloísa também mencionou que em uma de suas atuações em empresas familiares, o diretor-presidente da empresa, que era um dos filhos do fundador, foi viajar com a família e as despesas entraram na contabilidade da empresa.

Esse exemplo é corriqueiro entre muitas empresas e a mudança dependerá da compreensão dos gestores sobre o problema e a honestidade quanto ao que pensa sobre o tema governança.

Não se pode viver algo de forma eficiente, quando não se acredita o bastante. Existe ajuda especializada para a implementação de práticas de governança e ESG, mas antes de tudo, será necessário que as empresas estejam dispostas a incorporar essa realidade em sua cultura.

 

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