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ESG melhora o desempenho financeiro – mas é a motivação correta para pensar na sustentabilidade empresarial?

Em 2020, quando o conceito ESG era um dos termos mais acessados nos motores de busca na internet, frequentemente se via conteúdos expressando a necessidade por parte dos investidores de desenvolver relacionamento com empresas que fossem de fato sustentáveis nos três pilares (Meio Ambiente, Social e Governança).

Você quer ver sua empresa crescer? Precisa ser ESG ―, esse era o mote por trás das matérias que saíam acerca do ESG na internet e apesar de ser uma razão legítima para que organizações adotem o princípio, é fundamental refletir sobre as motivações por trás dessa decisão.

Com ampla experiência de mais de 35 anos no mercado corporativo, como consultor empresarial à frente da MORCONE Consultoria Empresarial e responsável por implantar o ESG em empresas de todos os segmentos e portes, quero propor reflexões sobre o desempenho financeiro empresarial sob a perspectiva ESG.

ESG melhora o desempenho financeiro – Mas e antes disso?

Levantamento realizado pelo ESG Radar 2023, conduzido pela Infosys, líder global em consultoria e serviços digitais, com mais de 2,5 mil executivos e gerentes de empresas ao redor do mundo com faturamento acima de US$500 milhões por ano, foi mostrado que:

  • Para 90% dos executivos entrevistados, adotar práticas ESG dentro das organizações traz retorno financeiro positivo;
  • 29% observam crescimento significativo nos lucros da companhia;
  • 61% revelam que houve uma evolução moderada;
  • Apenas 10% não nota diferença.

Ainda de acordo com o levantamento, dentre as razões para melhorias no resultado financeiro, destacam-se a governança corporativa bem executada e a diversidade em cargos de liderança.

Outra informação relevante emergiu do estudo:

– Investimento das empresas em ESG deve chegar a US$ 53 trilhões até 2025.

Pensar no ESG como um importante propulsor da lucratividade entre as organizações assim como da geração de valor ao mercado é inevitável e, inicialmente foi a principal estratégia utilizada pelas empresas ao redor do mundo, afinal, quando o conceito se tornou mais popular na pandemia e diante dos desafios econômicos, a principal preocupação das empresas era, além de sobreviver, continuar expandindo e, para isso, seria preciso entrar no “jogo” da sustentabilidade.

Dados fornecidos pela MSCI ESG Research, publicados em 2020, mostravam que as empresas com boa classificação ESG tiveram um desempenho superior, apresentando média de retorno total de 27,46% em comparação a 22,14% do mercado geral.

Embora a motivação financeira seja comum a muitas organizações e mercados para a adoção de práticas ESG, como especialista não julgo que seja necessariamente errado, mas não vislumbro como sendo a motivação ideal, afinal, ser ESG precisa estar estruturado na cultura da empresa, deve ser a principal engrenagem de todas as áreas e equipes do negócio, com destaque para os conselheiros de administração que têm como uma das principais missões, ser guardião das estratégias da empresa.

E para que o ESG possa ser parte da cultura organizacional, é indispensável que haja na empresa departamentos ligados ao tema, com foco em soluções e práticas. Costumo mencionar a necessidade da adoção integral do ESG e não apenas naquilo que a organização julga pertinente, principalmente quanto a uma visão de curto prazo.

As lideranças precisam estar conscientes da importância de pensar no ESG muito além do desempenho financeiro, mas como o fôlego necessário para sustentar o ecossistema ligado à empresa.

Sendo assim, aponto como primordial o caminho da educação quanto ao ESG e a preparação das lideranças, equipes e conselhos para atuarem dentro dessa perspectiva que não surgiu “pela pandemia”, mas por uma necessidade em que posso ressaltar a carência de dois importantes temas:

– Propósito e Legado.

Essa construção de aprendizado e consciência acerca do ESG deve ter início por meio do alinhamento e comunicação.

Se a organização deseja manter seu legado através das gerações, e aqui destaco a modalidade das empresas familiares, uma das minhas especialidades como consultor e conselheiro consultivo, é fundamental rever suas estruturas e base de conhecimento.

Antes de pensar em ser ESG, proponho os seguintes questionamentos:

  • Por que ser ESG?
  • Meu core business é a principal motivação?
  • É para representar um “amparo” diante de risco reputacional?
  • É por que desejo financiamentos e obtenção de licenças?

Entre outros.

Uma vez compreendidas as motivações por trás do ESG, é fundamental à empresa pensar em quais objetivos deseja alcançar em longo prazo.

E o mais complexo então tem início: a definição do começo e do fim da jornada, ou seja, onde sua empresa está hoje e para onde deseja ir? Qual é o propósito que a move e qual o legado que deseja deixar para o mundo?

Aprendizado contínuo e questionamentos sobre motivações por trás das iniciativas são fundamentais

Um dos caminhos mais indicados para a vivência do ESG de maneira íntegra na organização é realizar um “termômetro” na empresa por meio da abordagem de líderes de diferentes áreas questionando sobre os valores do negócio. De acordo com as respostas obtidas, já é possível ter um panorama se o ESG está ou não sendo vivenciado.

Este é o ponto de partida para a criação da estratégia ESG em todas as áreas da empresa e, diante disso, a definição de líderes engajados no tema de diferentes áreas do negócio para o processo de vivência do ESG é indispensável.

Destaco como um dos pilares mais importantes para a vivência íntegra do ESG, o contínuo aprendizado por parte das lideranças, dos conselhos e de todas as pessoas envolvidas no tema, afinal, a sustentabilidade não é um relatório como há tantas décadas foi praticado, é uma nova maneira de existir no mercado.

Avaliar as motivações por trás de cada iniciativa é fundamental, ainda que em um primeiro momento a empresa deseje ser ESG para a melhora do desempenho financeiro, é importante se aprofundar no tema e pensar que não se trata de uma regulamentação, mas sim, de um aprendizado contínuo.

O ESG exige uma postura de aprendiz, porque é uma trilha constante, sendo assim, recicle conhecimentos, participe de eventos, workshops, faça novas especializações, se dedique e mergulhe nessa vivência.

A educação sobre ESG e todas as iniciativas ligadas sempre partem do engajamento das pessoas, de uma liderança saudável, de uma postura de acolhimento aos profissionais. Imagina só uma empresa dizer ser ESG e não acolher as pessoas que estejam enfrentando problemas de saúde emocional ou que estejam enfrentando alguma situação difícil em suas vidas pessoais.

Ou então, imagine uma empresa dizer ser ESG, estar presente em índices de sustentabilidade, mas não agir de forma transparente na divulgação de informações financeiras aos seus stakeholders! São ações que não fazem sentido e fazer sentido é uma das mais importantes premissas do ESG nas estruturas organizacionais.

Qualquer razão para ser ESG é legítima, mas repense as motivações por trás deste objetivo, não se engane acreditando que basta uma vivência superficial para obter os resultados que se esperam. Aliás, ser ESG está muito além de resultados, tem principalmente ligação com reputação, propósito e legado.

Quais são as suas ações no secreto de sua vida, ao lidar com as situações cotidianas? Valores morais e éticos não podem ser selecionados conforme o contexto ou apenas quando existe a visibilidade de um público. É a mesma premissa do ESG, não se pode escolher um único pilar para colocar em prática ou praticá-lo apenas diante de holofotes.

É cultura, é o dia a dia, é a base, estrutura, alicerces, ESG precisa ter raiz, fazer sentido e vir muito antes de qualquer resultado.

 

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Veja também:

Inovação e ESG – a relação dos conceitos e como contribuem para o sucesso empresarial

Gestão financeira sustentável é um dos grandes desafios entre as empresas brasileiras

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