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Síndrome de Burnout – o risco de priorizar o desempenho operacional desconsiderando a saúde emocional das pessoas

Era ESG, sustentabilidade sendo discutida em todos os níveis organizacionais, consumidores cada vez mais conscientes sobre as marcas que consomem, novas habilidades profissionais ganhando destaque em meio à automação de processos e contínuo avanço da inteligência artificial.

Estes são só alguns dos temas mais debatidos atualmente no ambiente corporativo e além dele, afinal, as sociedades em diferentes culturas têm refletido sobre o quanto as tecnologias têm mudado comportamentos, relacionamentos e expectativas quanto ao futuro.

Toda organização deseja estar presente nos relatórios de melhores empresas para se trabalhar; empresas que mais valorizam os profissionais; empresas mais engajadas quanto ao meio ambiente, porém, é necessário pensar um pouco mais no que vem primeiro: a busca pelo status ou a vivência real do propósito.

Com mais de 35 anos no mercado corporativo, desde 2015 à frente da MORCONE Consultoria Empresarial e como especialista na implantação das práticas de governança corporativa e de padrões ESG nas empresas, hoje quero falar sobre a síndrome de Burnout e o quanto as organizações precisam realmente se atentar a essa realidade.

Síndrome de Burnout – Organizações devem realmente olhar para a saúde mental de seus profissionais

Por definição do Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico decorrentes de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.

Dentre os principais sinais e sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout, estão:

  • Cansaço excessivo, físico e mental;
  • Dor de cabeça frequente;
  • Alterações no apetite;
  • Insônia;
  • Dificuldades de concentração;
  • Sentimentos de fracasso e insegurança;
  • Negatividade constante;
  • Sentimentos de derrota e desesperança;
  • Sentimentos de incompetência;
  • Alterações repentinas de humor;
  • Isolamento;
  • Fadiga.
  • Pressão alta.
  • Dores musculares.
  • Problemas gastrointestinais.
  • Alteração nos batimentos cardíacos.

Na busca por um melhor desempenho operacional, por tecnologias que facilitem o processo e pelo desejo da escalabilidade, milhares de profissionais se veem diante do dilema de sofrerem de algum problema emocional e não receberem da liderança, o apoio que deveriam ter.

Pesquisa desenvolvida pela Mindsight, empresa de tecnologia especializada em gestão de pessoas, mostrou que nove em cada dez trabalhadores brasileiros apontam que a Síndrome de Burnout está diretamente relacionada a líderes que não se preocupam com a sobrecarga de tarefas dos profissionais.

Os principais destaques apontados pelo levantamento, realizado com profissionais de todo o Brasil, mostrou que:

  • 87% apontam que já sofreram/sofrem com sobrecarga de tarefas repassadas por liderança;
  • 43% indicam que o desgaste mental no ambiente de trabalho partiu de um homem e 32%, de mulheres;
  • 86% disseram que as empresas nunca realizaram ação voltada a cuidados e à conscientização sobre a Síndrome de Burnout;
  • 87% acredita que a empresa deveria disponibilizar acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico para os funcionários;

Entre outros

A incoerência entre o discurso organizacional e aquilo que é vivenciado na realidade do ambiente de trabalho ―, seja presencial ou remoto ― é o principal fator que leva ao aumento de casos de profissionais insatisfeitos por não se sentirem acolhidos em sua vulnerabilidade.

As empresas estão de fato olhando para os seus profissionais ou apenas seguindo a “tendência” do S do ESG?

Se a era pós-pandemia exige novas habilidades profissionais e comportamentais como: julgamento analítico, inteligência emocional, curiosidade intelectual, flexibilidade, entre outras, as organizações estão oferecendo os incentivos necessários para o desenvolvimento das pessoas?

Promover a sensação de pertencimento é um dos principais desafios entre as organizações – Entenda

Milhares de empresas utilizam em suas métricas em gestão de pessoas a diversidade e a inclusão, porém o pertencimento não é vivenciado na prática. Em um contexto mais preocupante, o pertencimento se torna um valor vago à medida que as pessoas “só podem pertencer enquanto satisfazem com sua produtividade e ideias”.

Continuamente vemos nas redes sociais, com destaque para o Linkedin, relatos de profissionais que ao terem um diagnóstico de problema emocional, não foram acolhidos por suas lideranças ou até mesmo demitidos.

Quando analisamos o histórico da maioria das empresas, a maioria integra índices de sustentabilidade, tem uma comunicação alinhada com os valores que acredita, mas a prática não acompanha a narrativa.

Empresas americanas gastam aproximadamente oito bilhões de dólares a cada ano com formação em diversidade e inclusão, porém falham por negligenciar a necessidade humana de se sentir pertencente.

Uma matéria publicada no veículo The Guardian falava sobre a sensação de exclusão no ambiente de trabalho, mais de oitocentas pessoas comentaram no conteúdo e um dos leitores chegou a afirmar que “apesar de ser bem pago por fazer algo que gosta e de estar rodeado por pessoas inteligentes e divertidas, de 45 a 50 horas por semana, sente-se isolado”.

senso de pertencimento pode ser definido como uma ligação psicológica entre o profissional e a empresa, em que o primeiro se enxerga como parte de uma comunidade, ou seja, a organização assume um papel além da relação de serviços, tornando-se um grupo social que valoriza a unidade e permanência.

O senso de pertencimento pode trazer inúmeros benefícios às empresas, como:

  • Diminui a rotatividade de profissionais, ou seja, ajuda na retenção de talentos;
  • Promove nas pessoas o sentimento de “defensores” dos valores da empresa;
  • Atua no engajamento das pessoas para que se comprometam com os objetivos da organização;
  • Aumentam a satisfação das pessoas, influenciando em seu bem-estar.

Focar em iniciativas de bem-estar no ambiente de trabalho é uma das principais demandas, aliás, são essas iniciativas, que podem reduzir significativamente as taxas de síndrome de burnout ou de outros problemas emocionais entre os profissionais.

Criação de políticas para a preservação da integridade física e emocional dos profissionais; programas voltados à saúde mental por meio de convênios com clínicas de psicologia e psiquiatria; workshops voltados à conscientização sobre os cuidados com as saúde mental, entre outros fatores, são alguns dos que devem fazer parte da agenda das organizações para os próximos anos.

Atuação dos conselhos para um ambiente de trabalho mais saudável a todos

A saúde mental, sem dúvidas, opera sobre todos os pilares ESG, e é fundamental, inclusive, entre os conselheiros e precisa continuamente estar presente na agenda de debates de maneira que se criem ações efetivas para promover melhorias no ambiente de trabalho, que reflitam sobre a melhora da saúde mental aos profissionais.

Estamos na era do imediatismo, da valorização da alta performance, das empresas que desejam escalar em tempo recorde, mas não se pode esquecer da saúde do “corpo que compõe a empresa”, das pessoas em sua singularidade que merecem um olhar atento, acolhimento e cuidado.

Sua organização tem priorizado a agenda de saúde mental? Qual a postura real que assume frente a casos em que as pessoas necessitam de apoio humano e psicológico?

A síndrome de Burnout é um problema muito sério que tem afetado milhares de profissionais e não se pode limitar o tema apenas à campanha setembro amarelo.

Não basta se dizer ESG, valorizar políticas de diversidade e de inclusão e ignorar a dor emocional das pessoas que fazem parte do time.

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Veja também:

Segurança cibernética – uma das mais importantes pautas entre os conselhos n era ESG

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