Organizações existem por causa das pessoas e ao longo das décadas a maneira de gerir pessoas tem sido transformada, afinal, o mundo está em constante mudança, o comportamento humano também sofre alterações e é preciso repensar formas de gestão.
Ano passado, a Rede Governança Brasil (RGB) lançou um manual com sugestões de boas práticas (135 no total) de Governança Corporativa na gestão pública, e dentro do guia há uma premissa que “coloca o ser humano no centro da tomada de decisões”.
Sendo assim, o centro de decisões tem como base o olhar para o ser humano, para o bem-estar social, além de trabalhar o engajamento e motivação.
Segundo o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), deixar a gestão de pessoas para um segundo plano não é uma opção, ainda mais para organizações interessadas em sua própria perenidade no mercado.
Na governança corporativa, o Comitê de Pessoas é um órgão que, dentro das organizações, assume o papel de alinhar as estratégias de negócio de longo prazo à gestão das equipes, indispensáveis para a concretização desse plano.
Na oitava edição de Análises e Tendências 8 – Gestão de Pessoas, publicada em 2020 pelo IBGC, foi dito que “A combinação de capital humano e cultura organizacional, em média, representa 52% do valor de mercado de uma companhia”.
Em uma perspectiva pós-pandemia, essa importância excedeu o valor, além das transformações nos modelos de trabalho, dando maior flexibilidade às pessoas por meio do trabalho remoto ou híbrido para que pudessem, dentro de suas necessidades, adaptarem o trabalho à própria rotina.
Muitas organizações mantiveram o trabalho totalmente remoto, adotaram o modelo de trabalho híbrido ou o home office e essa mudança também impactou diretamente as relações de trabalho no ambiente (que está muito além da estrutura física).
A digitalização de diversos segmentos de negócio, forçou organizações a adotarem ferramentas tecnológicas para a otimização das rotinas de trabalho, para o aumento da produtividade e para que dados assertivos fossem obtidos para a tomada de decisão.
Com ampla experiência na área corporativa e à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, auxiliando empresas de diferentes segmentos e portes a se reinventarem no mercado, hoje quero abordar o tema gestão de pessoas apresentando as principais tendências e sua relação com a Governança Corporativa.
Organizações e Pessoas – o que tem mudado nessa interação?
A gestão de pessoas está relacionada a inúmeras práticas aplicadas para o bom funcionamento de uma organização e ao cuidado com as pessoas para garantir seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Uma das principais características da relação Organização e Pessoas hoje é que as duas vertentes estão em lugar de igualdade. Hierarquias verticais eram mais comuns na gestão das empresas, ou seja, a ideia de alguém no comando e de pessoas subordinadas.
De alguns anos para cá, hierarquias horizontais têm sido adotadas pelas organizações e nesses modelos, as lideranças não atuam no formato de “comando e controle”, mas em uma proposta de diálogo aberto e de escuta ao que as pessoas têm a dizer.
Claro que a vivência prática desse modelo ainda é um desafio a muitas empresas, mas isso muda a relação entre organizações e profissionais, em que ambos precisam um do outro, mas também levanta a discussão sobre as pessoas como a parte mais importante da organização, afinal, são as inteligências humanas que compõem o sucesso de uma empresa no mercado.
Pesquisa realizada pela CNBC/Momentive mostrou que 40% dos profissionais afirmaram que deixariam o emprego, caso a organização se posicionasse sobre uma questão política com a qual não concordam. Já em outra análise, realizada pela Qualtrics, mais da metade dos profissionais afirmou que nem consideraria um cargo em uma organização que não compartilhasse de seus valores.
Essas afirmações evidenciam que a relação dos profissionais com o trabalho vai muito além da remuneração, porque esses profissionais têm buscado por algo que os satisfaçam em outros níveis.
Principais tendências em gestão de pessoas na atualidade
As tendências variam conforme os contextos sociais, as novas tecnologias e as características de cada geração, aliás, já falei um pouco sobre isso no blog da MORCONE.
Vamos a algumas delas.
Flexibilidade no trabalho
Como já mencionado, a nova rotina devido ao trabalho remoto, híbrido ou home office trouxe uma nova percepção tanto às empresas quanto aos profissionais sobre as rotinas de trabalho.
Os profissionais conseguem adequar melhor o trabalho à sua rotina e as empresas aprendem que a maior flexibilidade também resulta em pessoas mais motivadas e em melhores resultados.
Bem-estar no trabalho
O bem-estar dos profissionais tem sido amplamente valorizado na gestão de pessoas como um foco estratégico entre as organizações.
Para isso, benefícios relacionados à qualidade de vida tendem a ser oferecidos com maior frequência aos profissionais, assim como a ampliação da política de benefícios. Dentre eles, por exemplo, o cuidado com a saúde mental que permita fácil acesso ao atendimento junto aos profissionais da área.
Essa será uma estratégia recorrente entre as empresas nos próximos anos, impactando, inclusive, na competitividade no mercado.
Inteligência artificial
A inteligência artificial tem influenciado organizações ao redor do mundo, inclusive, na área de RH, para melhorias na gestão de pessoas. Dentre os benefícios da IA, estão:
- Automatização de processos operacionais repetitivos;
- Redução de custos;
- Aumento da produtividade;
- Melhora na tomada de decisões, por meio da coleta de informações mais precisas;
Entre outros.
A automação de processos se torna um recurso essencial que resulta na valorização das pessoas, já que ao automatizar processos repetitivos, permite que as pessoas possam se dedicar inteiramente à realização de tarefas complexas que exijam seus talentos e inteligência.
Gamificação
Essa é uma das estratégias que têm ganhado força entre as organizações, já que se utiliza de técnicas e estratégias inspiradas em jogos.
A ideia é melhorar os níveis de engajamento e aumentar a produtividade, impactando no foco e motivação de cada profissional.
O objetivo é usar a gamificação para estimular pessoas a equipes a performar melhor e a atingirem objetivos por meio dos jogos. Torna as interações mais leves e traz uma melhor percepção e vivência sobre o trabalho colaborativo.
Diversidade e inclusão
A ideia é que o ambiente de trabalho inclua a participação de diferentes culturas, etnias, raças, faixa etária e crenças.
A pluralidade de vivências em diferentes áreas na empresa beneficiam tanto na união de inteligências e melhoria de resultados, quanto em uma cultura organizacional que se torna referência para outras empresas no mercado.
Governança Corporativa e gestão de pessoas – a relação entre os dois pilares
Empresas existem, antes de tudo, por conta do capital humano, ou seja, são as pessoas que tornam uma estratégia tangível ou que possibilitam a implantação de funções básicas em uma organização.
A governança corporativa só é possível quando ações são tomadas diariamente pelas pessoas que compõem o negócio. São elas que seguirão os princípios das boas práticas de Governança Corporativa e que tornam a cultura do negócio efetiva.
A gestão de pessoas unida à governança corporativa é um instrumento que direciona os colaboradores a seguirem a visão do negócio, levando-se em conta em como a mentalidade da estrutura da organização é conduzida.
Sem pessoas, não existiriam as boas práticas de Governança Corporativa e sem uma boa gestão de pessoas, fica inviável que a Governança Corporativa seja de fato eficiente.
Valorizar as pessoas é uma necessidade, mas precisa ser genuíno e resultado de uma cultura organizacional construída ao redor desse pilar. Concorda?
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