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Maneiras de superar o despreparo na empresa familiar

despreparo na empresa familiar

É de amplo conhecimento que 60% das empresas familiares fecham em menos de 5 anos. Além disso, 70% encerram suas atividades após a morte do fundador e apenas 3% continuam até a segunda geração.

Empresas familiares, sobretudo no Brasil, têm como principais desafios, estabelecer prioridades e objetivos de acordo com sua realidade, de serem mais estratégicas do ponto de vista da gestão e operacional e, claro, conquistar a longevidade.

Nos últimos meses, tenho me dedicado à análise de alguns casos de empresas familiares, especialmente as brasileiras, como é o caso da OilemaVarigMappinGrupo Moura, entre outras, a fim de prevenir erros ou inspirar empresas para grandes saltos no mercado.

Com ampla experiência no cenário corporativo, atuando como conselheiro consultivo e consultor à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, auxiliando principalmente empresas familiares, hoje desejo abordar sobre o despreparo na empresa familiar e os principais meios para superá-lo.

Principais sinais de despreparo na empresa familiar brasileira

Tendo atendido inúmeras empresas familiares ao longo de minha trajetória, hoje separei alguns dos pontos de atenção que indicam despreparo na empresa familiar e que a impedem de alcançar a longevidade no mercado, com reflexões a partir de vivências.

Conflitos familiares

Empresas familiares em um primeiro atendimento são como uma fotografia, não se vê em uma primeira abordagem as complexidades ligadas aos relacionamentos, até atendê-las.

pesquisa Governança em empresas familiares: Evidências brasileiras, desenvolvida pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), mostrou que conflitos familiares foram considerados a principal razão para a saída de sócios da empresa familiar (42%).

As rivalidades e disputas entre os membros familiares vêm à tona, além da falta de delimitação entre problemas pessoais e questões ligadas ao negócio.

No geral, a comunicação das empresas familiares é o principal ponto de atenção. Conquistar uma comunicação aberta e transparente está entre as demandas mais urgentes nessa modalidade de negócio.

Mas ressalto aqui, mais do que a necessidade de estabelecer canais de comunicação e reuniões periódicas, a importância de que os membros da empresa estejam abertos ao diálogo, a de fato desejar a resolução dos conflitos.

Ausência de planejamento sucessório

O despreparo na empresa familiar também pode ser observado pela ausência de planejamento sucessório, como em meus atendimentos diversas vezes pude constatar.

A tranquilidade por parte do fundador e herdeiros de que “há muito tempo pela frente” é uma das razões “inconscientes” que levam empresas a postergar o planejamento sucessório ou de seu futuro no mercado.

Segundo a mesma pesquisa do IBGC mencionada anteriormente, 44% das empresas participantes relataram não possuir um plano de sucessão.

A falta de planejamento ou preparação inadequada é uma das principais razões que levam empresas a fechar as portas antes mesmo da segunda geração.

Falta de regulamentação adequada para a entrada e saída de membros

A pesquisa também aponta que metade das empresas não possui regras claras para a entrada e saída de familiares da gestão do negócio, sendo assim, destaca-se a necessidade de que regras sejam estabelecidas no acordo de acionistas, como, por exemplo, a avaliação e prazo de pagamento aos membros familiares que tenham o interesse de deixar a empresa.

Ausência de capacitação profissional na gestão do negócio

Em inúmeros atendimentos tive de lidar com a falta de habilitação necessária por parte dos membros da família em suas respectivas posições dentro da empresa.

Essa definição de papéis de acordo com os laços familiares está entre os problemas mais sérios dentro da empresa familiar. É essencial que cada membro tenha a habilitação não apenas técnica, mas também socioemocional para lidar com a área de atuação.

Ressalto aqui a questão socioemocional e comportamental como fundamentais, afinal, imagina um membro da família assumindo uma posição na área comercial do negócio com dificuldades de relacionamento com os seus pares ou de comunicação com os potenciais clientes?

Realizar modificações nessa estrutura é fundamental se o desejo da família é crescer de maneira sustentável no mercado.

Falta de planejamento estratégico

As empresas que sobrevivem no mercado são aquelas que focam principalmente nas ações de curto prazo. A empresa carece de visão clara e de objetivos de longo prazo.

Outro ponto de destaque é a dificuldade que possui em adaptar-se a mudanças e inovações.

Sem estratégia, dificilmente a empresa consegue superar seus desafios internos e externos, tampouco consegue atingir a perenidade.

Emoções como parte da tomada de decisões

É corriqueiro que na tomada de decisões, fatores ligados aos relacionamentos familiares sobressaiam às questões da empresa.

Quando abordei sobre o caso da Varig, foi mencionada a questão da preferência da empresa por um grupo de profissionais, o que não a permitia cortar custos exorbitantes em detrimento dos relacionamentos.

As questões emocionais costumam estar mais presentes e evidentes em empresas familiares, sendo assim, é urgente reverter essa postura se o desejo é crescer no segmento de atuação.

Falta de conhecimento acerca das questões tributárias

legislação tributária sempre passa por reformulações e se manter atualizado sobre as novidades costuma ser desafiador às empresas familiares.

No processo de planejamento tributário, especialmente no caso das holding familiares, a escolha do regime tributário é essencial (Simples NacionalLucro Real e Lucro Presumido).

No momento da escolha, é fundamental que sejam analisados aspectos da empresa tais como faturamento, lucros, atividades, patrimônio, entre outros aspectos, de maneira que a carga tributária possa ser reduzida ao máximo.

Já presenciei alguns casos de empresas que estavam sendo tributadas acima do que deveriam! Aliás, é mais comum do que se pode imaginar.

Conselho consultivo como o principal norteador da família empresária no Brasil

O despreparo na empresa familiar é uma realidade e só há uma maneira de mudar isso, por meio da adoção de práticas de governança corporativa e ESG para uma gestão profissional.

O primeiro passo para uma gestão profissional costuma ser a adoção do conselho consultivo, composto por profissionais externos, com diferentes backgrounds culturais e profissionais que possam direcionar o negócio para uma gestão eficaz e rumo à perenidade e sustentabilidade no mercado.

Não se atentar a isso é o que tem, ano após ano, aumentado a estimativa de empresas familiares que fecham as portas antes dos cinco anos e da segunda geração.

Preparação é fundamental, mas destaco principalmente o desejo real pela mudança como o propulsor para o sucesso.

As maiores empresas familiares brasileiras têm em comum a visão crítica sobre sua própria gestão e jamais se sentem plenamente satisfeitas sobre sua trajetória no mercado.

Se tem um conselho valioso que quando colocado em prática muda a realidade das empresas é: nunca deixe de questionar, inclusive, quando tudo vai bem.

A primeira mudança deve começar pelo anseio de cada membro da família em ver a empresa atravessando as gerações e uma visão alinhada é crucial para os bons resultados da estratégia de profissionalização da empresa.

Uma vez assumido o despreparo, é o momento de reverter a situação, se não sabe por onde começar, o conselho consultivo é a resposta.


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Veja também:

Caso Mappin – falhas que levaram ao fechamento de uma das maiores lojas de departamento

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